Você trabalha? Não, sou dona de casa

Quem já ouviu esta pergunta e, a resposta em seguida, acredito que muitos, haja vista, que devido a um costume muito antigo de desvalorização da mulher, dizia-se, então, que a mulher que trabalhava somente em casa, não era considerado trabalho, mas, sim uma obrigação. Aliás, nota-se que continua o costume prevalecendo, ainda, nos dias atuais. A minha constatação pode ser confirmada, uma vez que, se formos vasculhar minuciosamente o calendário, vamos observar que não existe nem um dia do ano reservado para se homenagear a dona de casa. Ao passo que, a título de informação, podemos citar que lembramos o dia dos pais, das mães, do bombeiro, do agricultor, do médico, do farmacêutico, do engenheiro, do dentista, da enfermeira, do padre, do advogado, das datas cívicas e, também religiosas, enfim, se formos enumerar todas, não teremos espaço suficiente neste diário. Todavia, é bom que se frise também que todas elas são por demais merecidas. No entanto, continuei pesquisando e, por incrível que possa parecer não consegui encontrar nada, nadinha de homenagem para as incansáveis donas de casa. Mediante isso e, com a certeza absoluta de que não existe nada referenciando as intrépidas guerreiras, podemos afirmar que as donas de casas, infelizmente, pertencem a classe de mulheres mais injustiçadas da face da terra. No entanto, para piorar ainda mais o prestígio pequeno que ostentam, elas mesmas denigrem as suas imagens, uma vez que quando indagadas se trabalham em algum lugar, respondem que não. É como se elas mesmas considerassem que donas de casa não é trabalho. Tal atitude evidencia claramente que ser dona de casa não é um papel reconhecido na sociedade, basta ver que milhares delas já desistiram de ser. As suas obrigações são muitas, só para saber, se as mesmas levantam tarde, o ambiente transforma-se numa verdadeira bagunça. Portanto, na casa, é sempre a primeira a levantar-se e, consequentemente, é sempre a última a se recolher. Interessante que trabalha de sol a sol, e não há sequer um pingo de reconhecimento, pelo contrário, quando ocorre, uma ausência da mesma no trabalho, aliás, algo difícil de acontecer, sempre alguém não servido vai reclamar. E, infelizmente jamais vai ficar preocupado em querer saber o porquê que ela deixou de fazer o trabalho, se foi por doença ou, outro motivo. O pior de tudo é que a dona de casa, fica eternamente envolvida na mesmíssima coisa, a rotina faz parte do seu dia a dia, sem carinho, sem gratidão, sem elogio, a limpeza da casa, o café, as compras, o almoço, o jantar, os filhos, o marido, não rara das vezes, tem a sogra doente ainda para cuidar. E, pelo visto, todos têm direitos e, somente a dona de casa tem deveres e obrigações. Embora, com todos afazeres e responsabilidades pesando sobre, em muitos casos, ombros cansados, doentes e alquebrados, a figura imponente desta corajosa mulher não esmorece, uma vez que ela é abastecida pelo amor que dedica aos seus semelhantes. A dona de casa é uma personagem única e incomparável, isto porque sozinha consegue incorporar várias figuras com o êxito divino de sua mansidão e amor. Ela é esposa, mãe, além de representar todas as mulheres abnegadas deste imenso universo. Tudo isso, não poderia ser realizado em vão, restou-lhe como consolo final, um grande presente, quando morrer, certamente, vai para o céu, porém, não entrará na fila para falar com São Pedro, será recebida, pessoal e diretamente, pelo próprio Deus. Ah, ia me esquecendo, pensando bem não há necessidade de se criar um dia do ano para homenagear a dona de casa, uma vez que, ficou bem claro que todos os 365 dias são dedicados a ela. Vejam só que grandeza.

Arquimedes Neves – Nei