Na maioria das vezes, quando é preciso vou com bastante prazer e satisfação à escola onde estuda o meu netinho caçula que tem dois anos e três meses. E, lá esperando dar o sinal de saída das crianças, fico observando o ambiente e, vejo que muitas delas, com mais incidência os maiorzinhos, já possuem celular e ficam manipulando-o, ou com joguinhos, ou mesmo se comunicando no “whatsapp”. Considerando, obviamente, que os tempos são outros e, que os especialistas em comportamento infanto-juvenil afirmam de pés juntos que é preciso que as crianças se familiarizem com a tecnologia e, que os equipamentos (celular, computador) e, outros mais serão, certamente, a salvação do mundo moderno. Aliás, já ouvimos de muita gente que não saberia viver sem o celular, no caso específico, quem somos nós para discordar. Todavia, o que nos preocupa é que essas atitudes de isolamento provocam um afastamento radical dos elos próprios dos sentimentos humanos. Pois, nos pareceu que todas aquelas crianças tinham comportamentos robotizados, uma vez que não vimos nelas sorrisos em seus semblantes, pelo contrário, eram sérias e distantes. Daí me veio à tona na cabeça e me perguntei, será que aquele distanciamento frio de uns para com os outros não seria, por acaso, o motivo do crescimento vertiginoso nas últimas décadas da violência, principalmente da doméstica? Será que a desobediência desastrosa no trânsito, talvez, também não seja fruto desta criação sem sentimento? E, por que não dizer sobre tudo isso de ruim que está acontecendo ao nosso país, é bem possível que seja uma herança maligna de homens despreparados e imunes aos sentimentos alheios, a ponto de desviar recursos destinados as merendas escolares, aos hospitais, as moradias, a segurança. Sem que isto as constranja, a ponto de viver tranquilamente a custa da desgraça alheia. Quem já não ouviu, principalmente, de técnicos de futebol, a famosa frase após derrotas, “o time ainda não está entrosado, os jogadores ainda não se conhecem”. Conseqüentemente, todos nós já vimos quando um time de futebol chega a alguma cidade do país, ou do exterior, ao descerem do ônibus ou do avião, todos, sem exceção, descem com fones de ouvidos, aliás, enormes, assistindo filmes ou ouvindo músicas. Fazem isso a viagem toda não se conversa entre si e, em assim procedendo, realmente, fica muito difícil se conhecerem, ou não? E, com um aperto sincero no coração fui me lembrando da infância de antigamente que viveu a vida nas etapas certas, ou seja, criança era criança e ponto final. Para tanto, seria de todo interessante a gente destacar alguns versos da poesia de Casimiro de Abreu, que diz: “Oh! que saudades que tenho da aurora de minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais. Que amor, que sonhos que flores. Naquelas tardes fagueiras nas sombras das bananeiras, debaixo dos laranjais”. E, não querendo ser saudosista, pois, a própria poesia realça isso ao dizer que os anos não trazem mais as coisas que já passaram. Portanto, apenas nos restou este relance de saudades em ver, infelizmente, os caminhos tortuosos em que a humanidade está caminhando e, isso nos deixa pesarosos e entristecidos. O bom seria se pudéssemos sempre fazer aquilo que alguns cartazes expostos em determinados lugares nos mostram, a saber: “sorria, você está sendo filmado”. E, isto é um alerta que quer dizer que o melhor de você deve sempre ser mostrado, para tanto, é necessário que tenhas no coração muita alegria e amor.