Se formos folhear o dicionário brasileiro, para saber quantas palavras outras temos como sinônimo de tolerância, podemos, certamente, colecionar um mundaréu de termos que vai certamente nos impressionar. A título de informação, destacamos algumas palavras, como segue: condescendência, transigência, indulgência, complacência, contemporização, temporização, paciência, compreensão, calma, flexibilidade, licença, isenção, dispensa, liberação, permissão, consentimento, liberdade. Pelo visto, a tolerância, evidentemente é personalidade marcante das pessoas que aceitam outras opiniões, ou que evitam pronunciar críticas destrutivas. Enfim, a pessoa tolerante é, por si só, condescendente, a ponto de valorizar o negativo somente para prestigiar ou elevar a similar no patamar ideal. Dentro deste parâmetro, achei por bem, comparar uma situação semelhante, mesmo que seja uma historinha. E, por oportuno, descobri em alguns meus apontamentos escondidos, um conto de autor desconhecido, mas, que servirá, certamente, para qualificar os portadores de tão elevada distinção, a saber: “Um garoto qualquer, por pura curiosidade, durante um cair de noite em família, vendo a mãe que tinha costume de servir um lanche bem sortido, observou que ela havia colocado à mesa, dentre os alimentos servidos, um prato com torradas queimadas, bem à frente de seu pai. Ficou na expectativa, para ver o pai quando fosse comer as torradas queimadas, qual seria a sua reação. Esperou um pouco para ver se alguém notava o fato. Tudo o que o pai fez foi pegar a torrada, lambuzar de manteiga e comer tranquilamente, tanto é verdade, que deve ter comido umas duas ou três. Quando deixou a mesa naquela noite, ouviu a mãe no quarto se desculpando com o pai sobre a torrada queimada e, jamais esquecerei o que ele disse, “adorei as torradas queimadas”. Mais tarde, naquela mesma noite, quando foi dar um beijo no pai de boa noite, perguntou a ele se tinha realmente gostado das torradas queimadas. Ele o envolveu num abraço carinhoso e, lhe disse: “sua mãe teve um dia muito pesado de trabalho em casa e, estava realmente cansada. Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém! A vida é cheia de imperfeições e, as pessoas não são perfeitas. Eu também não sou o melhor marido, empregado ou cozinheiro, talvez nem o melhor pai, mesmo que tente todos os dias. O que tenho apreendido através dos anos, é que saber aceitar as falhas alheias, escolhendo relevar as diferenças entre uns e outros, é uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros. Desde que eu e sua mãe nos unimos, aprendemos a suprir as falhas um do outro. Eu sei cozinhar muito pouco, mas aprendi deixar uma panela de alumínio brilhando. Ela não sabe usar uma furadeira, mas após minhas reformas, ela deixa tudo ficar limpo e cheiroso. Eu não sei fazer uma boa lasanha como ela, porém, ela não sabe assar uma carne como eu. Eu nunca soube fazer você dormir, mas comigo você tomava banho rápido e sem reclamar. A soma de nós dois monta o mundo que você recebeu e te apoia, eu e ela nos completamos. Nossa família deve aproveitar este nosso universo, enquanto temos os dois presentes. Não que mais tarde, quando um de nós partir, o mundo vai desmoronar, não vai. Novamente teremos que nos adaptar para fazer o melhor. De fato, poderíamos estender esta lição para qualquer tipo de relacionamento, marido e mulher, pais e filhos, entre irmãos, entre amigos. Então, filho, se esforce para ser sempre tolerante, principalmente com quem dedica o precioso tempo da vida a você e ao próximo.” Após este conto, que aliás, veio bem a calhar, podemos afirmar que, na maioria das vezes, somos indelicados por nada. Todavia, pouco tempo depois, mais calmos, nos arrependemos, porém, as ofensas mesmo desculpadas acabam deixando feridas que vão se cicatrizar com o tempo, mas, as referidas cicatrizes deixarão as marcas bem visíveis, eternamente. A tolerância, tem várias irmãs gêmeas, como dito no início do texto, escolha uma e a adote para fazê-lo feliz e, bem quisto entre as pessoas. Abraços para quem gosta de abraços, beijos para quem gosta de beijos e, os dois para quem gosta de ambos. Tchau.
Arquimedes Neves – Nei
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