Terra de ninguém

A história nos conta que no dia 21 de abril de 1.500, Pedro Álvares Cabral, por acaso, descobriu o Brasil. Entretanto, quando saiu com sua caravana de navios, tinha como propósito ir buscar especiarias nas Índias. É como se estivesse querendo dar um tiro numa pomba e sem querer acertar uma galinha, portanto, não resta a menor dúvida de que existimos por acaso. E, além disso, houve por parte dos descobridores, a infeliz idéia de mandar para cá, as piores espécies do reino português, nada mais, nada menos, do que degredados e demais escórias humanas, para povoar o nosso querido Brasil, que antes era Terra de Santa Cruz. Assim é que, estes nossos primeiros parentes não eram lá essas coisas. Isto posto, convenhamos dizer que agora em pleno século vinte e um, parece realmente que estamos vivendo numa terra de ninguém. Ou melhor, de ninguém propriamente dito não, pois, é com se tivéssemos ainda no regime de Capitanias Hereditárias, esta terrinha ainda continua pertencendo a alguns poucos, infelizmente. Estas lamentações todas não são exclusividades minhas, pertencem a todo o Brasil que continua gritando por mudanças, numa agonia total. E, quando me referi como destaque do artigo o título de “terra de ninguém”, foi justamente para demonstrar que aqui as leis e regras são completamente ignoradas. E, para provar, ou melhor, para citar os desmandos podemos destacar alguns, pois, se quiséssemos enumerar todos seria praticamente impossível. Haja vista que não nos lembraríamos de todos e, além isso, precisaríamos de toneladas  inimagináveis de papéis para listá-los. Assim sendo, citaremos aquelas situações mais iminentes. Para começar, a maioria de nossas manifestações é como se fossem um tiro no pé, pois, acabam quase sempre prejudicando a nós mesmos. Ou seja, faz-se uma greve por algum movimento reivindicando melhorias e, só acabamos assistindo badernas que nos deixam chocados. Uma vez que, acabam incendiando veículos públicos, depredando e destruindo imóveis públicos, com prejuízos para nós mesmos. Além, de apresentar verdadeiros atos de puro vandalismo, colocando em risco várias vidas. E, o pior de tudo, apesar desta guerra, ao final os dividendos das negociações, como sempre, são ínfimos em relação ao estrago deixado. Rodovias, interditadas, causando prejuízos materiais incalculáveis, além, de outros referentes a compromissos pessoais ou emergenciais, cujos débitos sempre serão direcionados para os bolsos do pobre povo sofredor. Demonstração de escândalos aos montes captados pela Lava Jato judicial, onde medalhões da república tupiniquim estão hospedados nas prisões curitibanas aguardando veredicto final sobre os seus crimes. Tudo isso acontecendo em câmara lenta, isto porque, as leis criadas pelos legisladores, os protegem, diferenciando as suas aplicações em relação aos atendimentos do povo comum. Os quais, não possuem defesa qualificada para também burlar as leis que facilitam estes tipos de manobras. Enfim, o que nos deixa com um fio de esperança e, com uma tênue possibilidade de enxergar uma luz no fim do túnel foram os resultados das eleições municipais. Onde pudemos constatar o número significativo de abstenções, querendo, obviamente, demonstrar a insatisfação popular com a situação caótica em que vivemos. Desta forma, são tipos de manifestações desta natureza que podem sensibilizar os políticos a acordar de seus berços esplêndidos, conseqüentemente, devolvendo a suposta ”terra de ninguém”, aos seus verdadeiros donos, ou seja, o sofrido povo brasileiro. Para tanto, nada mais oportuno do que concentrar os temas das futuras manifestações populares, na exigência pacífica e ordenada, pedindo a instalação imediata de uma Reforma Política, séria e, acima de tudo patriótica, como única saída possível para solução dos problemas mais cruciais desta querida pátria amada. Finalmente, apenas para pontuar o nosso mar de lamas, podemos citar por último a realização do ENEM, todo ano é a mesma coisa, sempre escoltado por dificuldades, as quais querem resolver em cima da hora, provocando verdadeiras confusões que afetam a todos, dando-nos a impressão que todos mandam tudo e, ao mesmo tempo não mandam nada. Enfim, percebe-se claramente que com todas estas balbúrdias ao nosso redor, ficamos com a nítida impressão de que estamos dentro de um redemoinho presos a rodar inertes sem condições de sair do mesmo lugar. Diz a história que Deus mandou um dilúvio para acabar com um mundo conturbado da época. E, não querendo ser cético, me parece que para o que estamos vendo hoje, cremos que a melhor solução seria a vinda de outro dilúvio, quem sabe?