Sou culpado, ou não?

Querido leitores, quem por acaso, já fez esta afirmação ou, ouviu alguém fazer, espontaneamente, assumindo a culpa de algum acontecimento, seja ele qual for? Olha estou para afirmar pelo menos na minha caminhada, eu não me lembro de ter assumido a culpa de alguma coisa e, nem ter visto alguém assumir. Portanto, caros amigos, eu presumo que tal afirmação é como o próprio ditado diz: “ Está mais difícil do que achar uma agulha num palheiro”. E, cremos que seja a verdade pura de nossa existência, haja vista que procuramos sempre mil desculpas para tal infração, mas, dificilmente, a assumimos de peito aberto sem medo das consequências. Aliás, como já definido é coisa raríssima tal reconhecimento. Pois, uma vez ou, outra, e olha lá, pode aparecer algum iluminado, despojado de orgulho e de outras mazelas mentais, admitir a culpa. A bem da verdade, temos mil exemplos que podem corroborar com esta certeza e, só para refrescar a memória, vamos citar alguns casos que demonstraram claramente que mais fácil culpar os outros do que assumir a própria culpa, como segue: “um moleque malcriado, sem educação e, principalmente, sem nenhum tipo de respeito para com os demais, tudo diz claramente que a culpa seria dos pais, que não soube manter o respeito, porém, sagazmente, os ditos pais, jogam a culpa deste pequeno terrorista, na escola, nos professores e até na própria sociedade, menos neles, que não assumem a suas visíveis incompetências. Vejam só se não é verdade verdadeira, pois, no futebol, ou outro esporte qualquer, o técnico, responsável pelo time, na hora das entrevistas, fala abertamente que a culpa foi do juiz, que não conduziu certo a partida, inclusive nos prejudicou demasiadamente. Também, é possível, que coloque até a grama do jogo, como culpada pelo desenvolvimento aquém de seu time. Podemos acrescentar ainda, que o dito cujo derrotado, pode tentar se esquivar de sua total incompetência técnica, dizendo com “a maior cara de pau”, de que o culpado pelo não sucesso de seu time foi a bola que estava um pouco murcha, mas, jamais vai admitir sua falta de habilidade ou competência que o coloca numa situação constrangedora, mas, contrariando a todos, não assume. Um cursinho preparatório para concursos, teve como resultado uma média muita alta de alunos reprovados. Em vista disso, a direção do referido estabelecimento escolar, sem nenhum constrangimento, culpa diretamente os participantes, por não terem se empenhados o necessário, para a aprovação. Jamais, admite as deficiências didáticas e pedagógicas da instituição. Não assumem e nem admitem a possível fragilidade dos métodos aplicados. Um político, quando eleito, não cumpre nenhuma das promessas prometidas antes do pleito e, além do mais, administra pessimamente os programas estabelecidos em favor da comunidade. Cinicamente, transfere as responsabilidades para o próprio sistema, para as burocracias e, alegam também a falta de compreensão da população que não entende as dificuldades que tem em atender as demandas. Não admite de maneira nenhuma sua incapacidade, sua falta de honestidade e, demais virtudes ausentes no seu caráter distorcido. Finalizando, nos presídios se formos entrevistar todos os presos, não vamos encontrar nenhum deles que se julgam culpados, por incrível, que possa parecer todos são inocentes. Isto porque, acham que a culpa é da sociedade, do governo, da falta de oportunidade, dos pais, enfim, de todos nós, menos deles, pois não assumem suas fraquezas e covardias. Na verdade, o universo de inocentes é muito vasto e infinito, porque, ninguém assume nada mesmo, o culpado sempre é o outro. Afinal de contas, depois destas colocações, como ficamos. Somos culpados ou inocentes? Pensemos bem.

Arquimedes Neves – Nei

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