Interessante que existem a nosso bel prazer uma quantidade infinita de atitudes que podem fazer parte do nosso cotidiano e, sua prática tem tendência, na maioria das vezes, de apenas nos favorecer e transformar. Sendo que o sentimento da sinceridade destaca-se dentre os demais, em vista de que o mesmo desperta de imediato o sentimento da confiança. Embora, conseqüentemente há grandes possibilidades do mesmo se transformar também no sentimento da decepção. Tanto é verdade, que no próprio dicionário brasileiro, observa-se o seguinte como sendo tradução desse substantivo, como segue: franqueza, lisura, verdadeiro, correto. Todavia, a definição mais antiga registrada em anais da antiguidade vem do filósofo grego Aristóteles, que afirmava, a saber: “Negar aquilo que é e, afirmar aquilo que não é, é falso, enquanto afirmar o que é e negar o que não é, é verdade”. E, o mais curioso de todo este meandro de sentimentos, acontece através do fenômeno de transformação de um para outro a medida que as reações se alteram devido algum ato que possibilitou esta mudança. Isto é, a nutrição anteriormente velada sobre a pseuda sinceridade passa a ser, depois de ter sido desmistificada, substituída por outro sentimento, comumente usada nestas ocasiões, que é a decepção. Aliás, o sentimento da decepção é tido como de segundo escalão na ordem de grandeza deles todos. Todavia e, infelizmente, o mesmo está se tornando peça fundamental na escala da vida. Isto porque, vários fatores conjuminam a favor do sentimento de decepção, pois, há dentro de nós uma preocupação quase que transcendental de ser feliz não importa os meios e, nem como vão ser conseguidos. Temos assistido por conta disso, milhares e milhões de quebra de amizades ora decantadas como sólidas e inquebrantáveis irem por água a baixo. E, isso fatalmente ocorre devido a cegueira de nossas ações que facilitam enormemente desenlaces outrora perfeitos. Casais, cujas vivências eram tidas como modelo, pois reinava entre eles o sentimento da sinceridade, o qual dava alicerce sólido às uniões. De repente, como se fosse um frenesi alucinante e, na maioria das vezes, até por motivos banais a sinceridade era substituída pela decepção. E, os modelos outrora comparados a Romeu e Julieta, desfaziam-se como manteiga exposta ao sol do meio dia, derretendo o seu precioso líquido que poderia ser servido como alimento, ia se perdendo no ralo da infelicidade. Desta forma, de tudo por tudo cremos que o melhor para se viver é preservar o sentimento da sinceridade, pois a maioria que nos cerca a priori é sincera. No entanto, é como dizia os antigos: “cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”. E, para apenas reforçar tal tese, lembrei-me de um conto de autoria de Esopo, escritor grego, que dizia: “Um dia dois viajantes dera de cara com um urso. O primeiro se salvou escalando uma árvore, mas o outro, sabendo que não ia conseguir vencer sozinho o urso, se jogou no chão e fingiu-se de morto. O urso se aproximou dele e começou a cheirar sua orelha, mas convencido de que estava morto, foi embora. O amigo começou a descer da árvore e perguntou: o que o urso estava cochichando no seu ouvido? Ora, respondeu, ele só me disse para pensar duas vezes antes de sair por aí viajando com gente que abandona os amigos na hora do perigo.” Moral da história: “A desgraça põe a prova a sinceridade e a amizade”. Portanto, fiquem atentos.