Será que existe alguma coisa ainda, de que não reclamamos!

Se formos pensar bem, acreditamos que realmente não deve haver nenhuma coisa, neste mundão de Deus, que ainda não foi alvo de nosso descontentamento e reclamação. Eu, de uma forma carinhosa, desafio a todos os meus queridos leitores que possa dizer ainda, “dificilmente reclamo de alguma coisa”. Acredito, que não vamos encontrar ninguém possuidor desses predicados, pois, o fato é que reclamamos das coisas que temos e, principalmente, daquelas que não temos. E, para dizer a verdade, reclamamos da comida, quando muitos não há têm, vivem mendigando pelas ruas e rodovias. Reclamamos da nossa vida “maneira”, ignorando nossos irmãos menos favorecidos pela sorte e, que se encontram, na maioria das vezes, lançados nos corredores dos hospitais, carregando consigo feridas mentais ou físicas. Reclamamos de nossas amizades, quando muitos se encontram abraçados as mais geladas das solidões, ou, na pior das hipóteses, abandonados pelas sarjetas frias ou, alguns com um pouquinho mais de sorte, encontram um abrigo amigo para se alimentar e morar. Reclamamos do Poder Público, ignorando que, na maioria, das situações existentes, a culpa é toda nossa, pois, na hora de assumirmos nossas responsabilidades, nos omitimos nas eleições não escolhendo, pelo menos, aqueles de bom caráter. Reclamamos das escolas públicas de nossos filhos, porém, é também certo de que aos pouquinhos, malandramente, vamos transferindo as nossas responsabilidades para a escola, quando o correto seria assumir a carga que nos compete e, se dispondo, obviamente, a colaborar. Reclamamos da sujeira, porém, é costume de todos nós jogar lixo, ou coisa descartável na rua, entupindo os bueiros, com essas atitudes comodistas é bem possível que somos os maiores agentes de emporcalhamento das ruas da cidade. Reclamamos dos hospitais, do péssimo atendimento, porém, se formos verificar bem, podemos através de estatísticas, adicionar uma boa parcela de culpa por parte de nós deste estado calamitoso da saúde. A propósito, no começo deste ano, o AME, fez divulgar uma lista dos atendimentos, onde ficamos estarrecidos em saber que uma porcentagem muito alta referia-se a atendimento marcados e não realizado, devido à ausência do paciente que marcara a consulta e, não compareceu e, isso, convenhamos, é um absurdo. Reclamamos da mendicância, porém, não conhecemos nenhuma das instituições que trabalham para amenizar tais situações e, nem colaboramos com elas, as quais, com muito esforço e abnegação, labutam as vinte quatro horas do dia, para manter os seus hospedeiros, com perspectivas de, pelo menos terem onde morar e dormir. Reclamamos do vovô morando com a gente, sentindo, na maioria das vezes, que o mesmo é um incômodo e, com essa atitude mesquinha nos esquecemos que um dia talvez consigamos ficar velhos e aí como será o nosso futuro? Reclamamos das traquinagens de nossos filhos, ignorando que é uma benção de Deus, tê-los assim. Se formos enumerar todas as situações existentes sobre nossas lamúrias, é certo que o espaço disponível não será suficiente para enumerar todos, aliás, não conseguiríamos contá-los. E, considerando todos esses parâmetros tiramos como conclusão de que nós somos muito egoístas, haja vista que no “frigir dos ovos”, temos muito mais que agradecer do que lamentar. E, para tanto, constatamos também que Deus em sua infinita bondade nos dá muito mais do que na verdade merecemos e, mesmo assim somos ingratos, pois, agradecemos muito pouco pelo muito que temos. E, neste vai e vem infrutífero de nossa caminhada é certo também que tais lamentações nos inviabiliza ver a vida como realmente é. E, perdemos com isso oportunidades mil, de dar um abraço gostoso, nos nossos mais queridos e, também nos amigos e, quando vamos perceber isso, pode ser tarde demais. Portanto, não se queixem, deixem simplesmente a vida nos levar, garanto que será bem diferente e a gente certamente vai gostar e, muito. Tchau.

Arquimedes Neves – Nei

www.neineves.com.br