Interessante que de vez em quando descobrimos jóias raras, em forma de contos, poesias, ensinamentos dos mais variados possíveis e, tal qual não foi a minha surpresa que sem querer achei um conto, infelizmente a obra é de autor desconhecido. No episódio em pauta fiquei encantado com o conteúdo do texto. Uma vez que o mesmo mergulhava intensamente na filosofia de vida, cuja pauta versava sobre o comportamento diante das necessidades de mudanças. Portanto, assim como eu que fui brindado por essa aula forte de lucidez de decisão sobre o que é melhor. Sem titubear e, sem medo de apostar todas as fichas, prazerosamente transfiro a todos a riqueza desta mensagem, como segue: “Conta uma lenda que em uma ilha longínqua vivia uma solitária Deusa de Sal. Ela era apaixonada pelo mar. Passava dias, noites, horas na praia observando o balanço de suas ondas, sua beleza, seu mistério, sua magnitude. Um desejo enorme começou apossar-se do seu coração, pois, gostaria muito de experimentar toda aquela beleza. Esse desejo foi aumentando até que um dia a Deusa resolveu entrar no mar. Logo que ela colocou os pés no mar, eles sumiram, derreteram-se. Encantada com ele, ela seguiu em frente e suas pernas desapareceram. A Deusa, entretanto, seguiu adiante, sentindo partes do seu corpo derretendo-se, até ficar apenas com o rosto do lado de fora. Uma estrela que observava tudo falou: Linda Deusa, você vai desaparecer por completo. Daqui a pouco você não mais existirá. A água do mar desfazia o rosto da Deusa, mas ela respondeu fazendo um esforço: Continuarei existindo, porque agora eu sou o mar também”. É lógico que o conto mostra uma face do comportamento humano no extremo de sua abnegação. Todavia, é preciso tal como narrado que quando se quer promover mudanças é necessário se entregar totalmente neste propósito. Tanto é verdade que o desejo e a vontade existente na Deusa, além de promover a sua própria mudança, provocou também mudança no mar, pois a partir daquela entrega, certamente, o mar também deixou de ser o mesmo. De fato, a vida também é assim, ela nos oferece oportunidades, no entanto, a decisão só a nós compete. As escolhas são verdadeiras incógnitas, daí a necessidade de que a decisão esteja respaldada de pelo menos da convicção de que é isso que realmente se quer. Lamentavelmente, em quase todas as ocasiões em que nos deparamos com a necessidade de escolher, vemos crescer diante de nós a sombra assustadora da dúvida, ficamos sempre em situação de angústia. O motivo principal é que fraquejamos sempre, ou levados por palpites alheios ou mesmo pela fraqueza de nos sentirmos incapazes de enfrentar uma situação nova. Quantos de nós, interiormente, sabemos que precisamos mudar, porém, o medo de que pode não dar certo, comodamente nos coloca de volta no mesmo lugar, ou seja, na rotina do dia a dia. Carregamos os nossos vícios, mesmo sabendo que nos prejudica. Todavia, por pura falta de vontade e credibilidade pessoal, nos acovardamos e, cada vez mais a luz do túnel vai se distanciando e, a gente sem nenhuma reação vai aceitando. Além das mudanças maiores que poderiam ser realizadas, a exemplo da Deusa de Sal, nem mesmo nas menores conseguimos, imaginem a nossa pequenez, considerando que somos escravos e, pior de tudo, não queremos nos libertar. Todos sabem quão difícil é tirar a espada e dizer “independência ou morte”, aliás, uma maioria considerável já morreu e morrerá, sem conseguir. Infelizmente, a acomodação é muito mais forte do que a felicidade, pois, sabemos não estar bom, porém, sempre abrigamo-nos nos vários jargões populares, ou seja, “é melhor pingar do que secar”. O que convenhamos não deixa de ser um verdadeiro absurdo, uma vez que em assim procedendo, fatalmente naufragaremos nas tristezas do mar da vida, caminhando celeremente para o clube da depressão. Portanto, é sumamente importante, na hora da decisão, mudar, se preciso for, não apenas pensando nas possíveis vantagens materiais, mas, essencialmente obedecer à voz do coração. Em contra partida, o ideal seria a união do útil com o agradável. Em outras palavras, é certo afirmar que a felicidade é um diamante bruto e, cabe a nós para ter a chance de enxergar o seu brilho incomparável, lapidá-lo com muito carinho, amor e, principalmente se acreditar.