Sem explicação

Há uma semana, o Brasil inteiro ficou todinho arrepiado com a tragédia acontecida em São Caetano, na grande São Paulo, onde inexplicavelmente um garotinho de apenas dez anos, atirou na professora e, depois tresloucadamente suicidou-se. Já pelo fato do garotinho atirar na professora com um revolver era motivo mais que suficiente para espanto e indignação. No entanto, para consumar o episódio de terror, acaba dando fim a própria vida. A notícia abalou todo o país, extrapolando até para outros países, tal o grau de insatez que o ato produziu. Sobre o assunto, paira uma grande interrogação no ar, haja vista que o protagonista da história, segundo depoimentos dos pais e, da própria professora vitimada, o menino era bom filho e excelente aluno, não tendo nada a reparar. Vendo e ouvindo um psiquiatra renomado, destacou que reações desta natureza, principalmente numa mente precocemente jovem, têm mais haver com motivações condicionadas, ou seja, vê, gosta, grava no subconsciente e, depois, age. Todos, infelizmente, se lembram da chacina de Realengo/RJ, onde um adolescente, sem nenhum motivo e sem nenhuma explicação plausível, matou a tiros onze crianças inocentes e feriu várias delas. O fato consternou todo o país, deixando-nos perplexos e, totalmente impotentes. Foi mais uma tragédia, cujas vítimas foram crianças inocentes e, ninguém pôde fazer nada para evitar, pelo contrário, restou-nos apenas a inquietação deste mundo louco sem explicação. E, seguindo este raciocínio de que estes lamentáveis acontecimentos, sem a devida explicação, ficam-nos a dúvida se realmente eles não foram movidos pelo sensacionalismo que os cercam. Uma vez que em volta do mundo todo, principalmente na América do Norte, têm ocorrido muitas chacinas em escolas públicas, na maior parte dos casos, os protagonistas dos fatos também se suicidam. E, como tragédias desta natureza promovem automaticamente uma forte comoção, obviamente, como não poderia deixar de ser toda a imprensa foca seus noticiários na divulgação das notícias ensangüentadas. Em vista disso, será que este alarde todo, de repente, não desperta a vontade adormecida de alguma mente perturbada e, que gostaria também de fazer parte desse espetáculo dantesco, somente para aparecer ou perpetuar para sempre o seu nome como autor de tamanha barbaridade? Eu, particularmente, não sei, estou apenas considerando tal possibilidade, uma vez que a mente humana é, com certeza, excessivamente complicada, aliás, alguém tem dúvidas disso. E, por falar nisso, a título de informação, me lembro que aqui em nossa cidade na década de sessenta, havia um programa em uma rádio local que se chamava “Rotativa no ar” e, o mesmo tinha uma audiência maciça, considerando que naquela época não se tinha televisão. O forte do programa era o noticiário policial, sendo que o locutor era cheio de resenha e, gostava muito de prover a notícia como se fosse um espetáculo e, dava o maior ibope. Exagerando o fato, tinha caso que ele chegava ao extremo de querer entrevistar até as vítimas fatais. De repente, começou a acontecer na cidade vários suicídios, e, não se sabe, se por coincidência ou não, levantou-se suspeita de que o programa “Rotativa no ar” estava, direta ou indiretamente, incentivando a precipitação em cadeia daqueles nefastos acontecimentos. E, para não correr nenhum tipo de risco, também não se sabe se foi o proprietário da emissora ou se foi a Justiça, o referido programa foi retirado do ar. E, o interessante de tudo é que depois de algum tempo em que o programa parou de ser transmitido, não se sabe, se por coincidência ou não, pararam de acontecer também os suicídios. Têm explicação essas coisas! Lógico que não. Todavia.