Se falássemos só o necessário, todos nós ganharíamos.

Dia deste, estava eu pensando, sobre coisas do passado, mas inteligentemente, escolhi boas recordações, portanto, a minha intenção era me deleitar, alegremente, com os acontecimentos bons daquelas épocas. E, nessa visão panorâmica, consegui me lembrar quando pequeno dos momentos bons que vivemos com o meu avô, pai do meu pai, seu Joaquim Neves. Apesar da época atrasada daquele tempo, o meu avô era uma pessoa muito sagaz, inteligente e, tinha um coração de ouro. Uma ocasião, ele, reunido com a família, falou o seguinte: “ se a gente falasse somente o que interessa, todos nós sairíamos ganhando”. Vejam só a profundidade daquela conversa, pois, ele sempre dizia que tinha gente que falava até pelos cotovelos, de tão enjoativo que era esses tipos de bate papo. Isso causava no querido avô uma ebulição de urticária e, ele ficava com o corpo todinho cheio de alergia. Em assim sendo, o meu avô dizia que este ditado em questão, ou seja, “ouvir mais e falar menos”, foi Deus que nos ensinou, pois, quando Ele criou o mundo, principalmente, o homem, o fez com apenas, com uma boca e dois ouvidos. Com isso Ele queria que falássemos menos e ouvíssemos menos. E, ponto final. Infelizmente, como a nossa sociedade, na maioria das vezes, por pura conveniência entende tudo ao contrário. E, por infelicidade nossa, falamos demais e, ouvimos de menos. E, para somar na nossa decepção, atualmente as coisas estão muitos piores, neste aspecto, estamos destruindo quase tudo com a nossa boca. Pois falamos demasiadamente sobre qualquer coisa, não poupamos nada e, pasmem, ficamos muito mais profissionais nesta matéria, damos graciosamente até aulas de fofocas, existem muitos especialistas nisto. Interessante, que quando vemos ou sabemos de algum fato, ficamos com uma tremenda coceira na língua e, enquanto não passamos para frente não sossegamos. E, o pior disso tudo é que na maioria das vezes, deturpamos tudo aquilo que vimos ou ouvimos. Em várias ocasiões essas incoerências fazem muito mal, haja vista que, devido as fofocas infundadas, há o surgimento de sérias feridas, com consequências danosas. Existem casos que casamentos são desmanchados, famílias esfaceladas, amizades interrompidas, empregos desarrumados, enfim tudo devido a maldita língua, que de tão ferina, muita das vezes não cabe dentro da boca. A gente discute tudo com todos, às vezes, discutimos medicina com o médico, discutimos matemática com o professor, discutimos a vida com os idosos, tudo pelo hábito de falar mais e ouvir menos. Por essas atitudes ridículas, quantas vezes “caímos do cavalo” e, protegidos pelo manto de nossa eterna ignorância, não aprendemos nada, continuamos “mané”, sem eira e nem beira. O pior de tudo isso é quando nos metemos a “besta” e fazemos comentários irresponsáveis sobre a atitude de alguém. Sem, pelo menos, conhecer a pessoa em sua intimidade, o porque ela fez aquilo, nada disso nos importa, o que queremos mesmo é falar e ponto final.

 

Arquimedes Neves – Nei

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