Relacionamentos

Para o meu enriquecimento pessoal, dia destes estava eu conversando com uma pessoa muito amiga e, sem ter combinado nada começamos a falar sobre relacionamento conjugal. E, para dizer a verdade essa minha amiga, já tem alguns quilômetros rodados nesta vida de Deus. Portanto, bastante abalizada para narrar alguns episódios da vida a dois, no que diz respeito a viver juntos. Como esta minha amiga não tem papas na língua, solta o verbo e mostra com uma nudez mais contundente possível como é a caminhada a dois, na visão dela. Portanto, com muita propriedade de quem domina o assunto, destaca com ênfase e, mostra em todas as suas nuances os relevos espinhosos do trecho percorrido e, ainda a percorrer. E, também, no seu modo de ver as coisas, para vencer a jornada é preciso os dois se abastecer, simultaneamente, de uma tonelada de tolerância cada um. Onde um cede um pouco e, o outro lá na frente cede um pouco também.  Assim, segundo ela, quando se ouve alguém dizer que durante todo o tempo de matrimônio nunca brigou ou discutiu, este alguém certamente é um verdadeiro Pinóchio. Uma vez que caso exista algum casal assim, é certo também que um dos dois é totalmente submisso e, outro o mandão na relação. Obviamente, concorda minha amiga que nestas circunstâncias é impossível brigar, ou seja, onde só um manda e, somente o outro que fica com a carga sozinha, deste relacionamento carregado de maus fluídos. Desta forma, não deixa de ser uma tremenda injustiça para um dos dois. E, para arrematar a prosa, ela me disse que numa certa ocasião quando discutia com o seu cônjuge sobre assuntos de convivência, ficou tão raivosa e, para não chegar a vias de fatos, resolveu sair à rua para dar umas voltas e refrescar as idéias. No centro da cidade, entrou numa loja de variedades e, começou a fazer umas compras, abasteceu-se de um mundaréu de coisas, das quais, realmente nem ia precisar.  Chegou ao caixa da loja, pagou a conta e mandou colocar a compra no carro. Esse lapso de tempo que saiu de casa para espairar e refrescar a cuca foram o suficiente para tudo voltar ao normal. Quando retornou para casa o maridão mais calmo também, ao vê-la, falou: fulana sabe quem morreu por suicídio, a sua amiga sicrana de tal. Nossa exclamou ela perguntando: você sabe por que a sicrana chegou a este ponto. O maridão disse que segundo informações a sicrana tinha mais uma vez brigado com o marido, saturou e se desesperou e, num ato de pura solidão, fez o que fez. Então minha amiga num ar de vitória ou de alegria, disse ao maridão, eu nesses casos prefiro ir às compras. Porque realmente na vida ninguém merece se praticar um ato desses. Ninguém mesmo, aliás, este tipo de atitude, certamente, não tem o aval de Deus. Pensando bem, numa exposição apenas figurativa dos fatos, as atitudes extremas eliminam de vez os questionamentos, porém, deixam marcas profundas de que não houve realmente um dever de sentar-se maduro e conseqüente. As pendências vão continuar pendentes, as querelas vão continuar querelas e, as tolerâncias vão se transformar em intolerâncias. Em relacionamentos de casais, existem muitas formas de se comportar, disponíveis para serem utilizadas, tais como: o amor, a gentileza, a nobreza, o carinho, a fidelidade, a reciprocidade, a igualdade, a compreensão e demais outras não lembradas. Todavia, por uma questão de relevância no amplo sentido do termo, cremos que a tolerância dignifica e fortalece o relacionamento. Imaginem a intolerância reinando no seio da família, a tendência certamente é desmoronar tudo sem chances nenhuma de reconstrução. Tolerar é tudo, tolerar é ser santo para com o outro. Tolerar é relacionar como se fôssemos untados com mel e açúcar, é o ápice da glória. Experimente.