Professor, criatura em extinção

Hoje, comemora-se o dia do professor, todavia, paira no ar uma indagação do tamanho do Brasil, pois, não há o que se comemorar. Infelizmente, no decorrer de todos esses anos até a data de hoje a Educação foi sendo gradativamente soterrada e esquecida, conseqüentemente o professor foi levado para baixo também.  Tanto é verdade que em todas as pesquisas elaboradas sob o aproveitamento de alunos, o resultado negativo é assustador. Escolas sem as mínimas condições materiais, as quais vemos todos os dias nos noticiários, situações realmente inacreditáveis, demonstrando o caos em que se encontra a Educação. Interessante que de todas as autoridades desse imenso país, envolvidas ou não com a Educação, não encontramos no meio deles nenhum “iluminado” que possa estar preocupado com este problema sumamente importante para qualquer nação. E, no meu desespero em ver a decadência do Ensino, onde o professor é a mola mestra deste quesito, que se encontra em franca extinção, uma vez que a maioria dos cursos de formação de professores já não mais existe. Dentro deste quadro negro, viajei no tempo e, me lembrei da bela poesia de Casemiro de Abreu, a qual dizia mais ou menos assim: “Oh! Que saudades que tenho da aurora de minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais”. E, nesta viagem dentro deste túnel do tempo fui parar numa escolinha modesta situada ao lado da igreja da Praça São Bento, mais precisamente na década de cinqüenta. Lá estava eu junto com os coleguinhas prestando à maior atenção a aula de Caligrafia, sendo que em seguida teríamos aula ainda de Educação Moral e Cívica. O professor era a figura principal, onde todos o respeitavam, alunos, pais e, principalmente a sociedade. Porém, para continuar a narrativa da atuação dos professores daquele tempo, é bom lembrar que a maioria deles, na verdade, eram elas, pois, o contingente maior de professores, era de professoras. Haja vista, que numa exclamação de lembrança, todos daquelas épocas, sempre destacam quando em referência aos tempos escolares, a saudades de suas professoras. E, por falar nisso, todos os homens, indistintamente, se lembram sempre da primeira namorada e, por conseguinte jamais também se esqueceram de sua primeira professora. Estas colocações não são absolutamente saudosismo, uma vez que é de uma evidência tão clara e marcante a diferença existente entre o Ensino de hoje com o de ontem. Todavia, estes nossos comentários jamais tiveram a intenção em qualificar os professores de antes com os de hoje, uma vez que em quaisquer circunstâncias sempre os dois momentos são administrados pelos sistemas educacionais respectivos. E, em assim sendo, a decadência do Ensino hoje, principalmente do ensino básico, é que seus recursos, cargas pedagógicas e administrativas que teriam de estar literalmente voltadas ao preparo do professor e melhores condições de trabalho, pelo contrário, passam muito longe destes reais objetivos. E, se não é verdade o que estamos dizendo, também não pode ser verdade os últimos resultados das provas do ENEM, onde vergonhosamente apresentaram dados impublicáveis, tal foi vexame de aproveitamento dos candidatos. E, quando nos referimos aos professores de antigamente, queremos apenas destacar que eles tinham algumas coisinhas diferentes dos de hoje, por exemplo, tinham independência total, tinham respeito total dos alunos, tinham respeito e confiança total dos pais dos alunos, tinham reconhecimento (salários dignos) e preparo do Estado, só isso. Os professores de hoje, não tem o respeito dos alunos e, em algumas ocasiões são agredidos moral e fisicamente por eles, a maioria dos pais acham que é responsabilidade dos professores a educação de seus filhos, ignorando que a responsabilidade dos professores é de apenas administrar conhecimentos, não os respeitam e, ainda tiram-lhes a autoridade sobre seus filhos. Diante de tantas dificuldades, aos professores abnegados e determinados, que conseguem, sem considerar nada disso, reunir ainda condições para continuar a luta em defesa do saber, os nossos sinceros parabéns pela data. E, em hipótese alguma poderíamos esquecer-nos de apresentar nossas homenagens aos professores aposentados, que também através de um puro altruísmo conseguiram hastear a bandeira da luta e da glória no pedestal da responsabilidade e do amor.