Por que complicamos?

Interessante que por mais que vivamos não compreendemos as atitudes e posturas das pessoas, haja vista que temos uma facilidade enorme em complicar o óbvio, ou seja, seria mais fácil se fizéssemos a coisa naturalmente. No entanto, parece que a nossa felicidade reside em contrariar a natureza, nunca procedemos de acordo com o curso normal dos acontecimentos, estamos sempre na contramão. E, rebuscando a memória facilmente constatamos que nos deixamos levar por sentimentos mesquinhos nos momentos dos relacionamentos com os nossos pares. Tanto é verdade que inescrupulosamente, aprisionamos as outras pessoas e, erradamente queremos moldá-las a nossa imagem e semelhança e, equivocadamente nos esquecemos que somos todos imperfeitos. Portanto, é sempre cretinice de nossa parte em querer consertar as pessoas, pois, a ótica seria bem diferente se tentássemos vê-las de acordo como elas próprias são. De fato, qualquer ser vivente teria condições de afirmar que o mundo seria bem mais feliz e harmonioso se nós nos permitíssemos habitar conosco o sentimento da compreensão. Pois, a compreensão possibilita enxergar os demais com os olhos do coração, ou seja, cada um é cada um, qualquer interferência para mudanças que seja para alterar “o eu pessoal”, fatalmente complica. Por pura curiosidade minha, remexendo papelada antiga, com uma rara felicidade encontrei umas anotações escritas pelo escritor e pensador, Paulo Roberto Gaefke sobre o assunto. Como não poderia me furta, tomei a liberdade de transcrevê-las, para o deleite de todos nós, como segue: “Um dia, diante de uma velha árvore torta, um pinheiro todo envergado pelo tempo, um sábio da aldeia ofereceu a sua própria casa para aquele discípulo que conseguisse ver o velho pinheiro na posição correta. Todos se aproximaram e ficaram pensando na possibilidade de ganhar a casa e o prestígio. Mas, como seria enxergar o pinheiro na posição correta? Ninguém ganhou o prêmio e o velho sábio explicou ao povo ansioso, que ver aquela árvore torta em sua posição correta, era vê-la como uma árvore torta. Só isso. É inerente a nós, esse jeito, essa mania de querer consertar as coisas, as pessoas e, tudo o mais de acordo com a nossa visão pessoal. Quando olhamos para uma árvore torta é extremamente importante enxergá-la como uma árvore torta, pois é assim mesmo que ela é. Nos relacionamentos é comum um criar no outro, expectativas próprias, esperar que o outro faça aquilo que você sonha e não o que o outro pode oferecer. Sofremos antecipadamente por iniciarmos expectativas que não estão ao alcance dos outros. Porque temos essa visão de consertar o que achamos errado. Se tentássemos enxergar as coisas como elas são realmente, muitos sofrimentos seriam poupados. Os pais sofreriam menos com os seus filhos, pois conhecendo-os não colocariam expectativas que são suas, na vida dos mesmos, gerando crianças doentes, frustradas, rebeldes e até vazias. Tente, pelo menos tente, ver as pessoas como elas são realmente, pare de imaginar como elas deveriam ser, ou tentar consertá-las da maneira que você achar melhor. O torto pode ser a melhor forma de uma árvore crescer. E, para terminar, olhe para você mesmo com os olhos de ver e enxergue as possibilidades, as coisas que você ainda pode fazer e não fez. Pode ser que a sua árvore seja torta aos olhos das outras pessoas, mas pode ser a mais frutífera, a mais bonita, a mais perfumada, e isso, não depende de mais ninguém para acontecer, depende só de você. Pense nisso.” De qualquer forma, é certo que a vida se nos oferece o Jardim do Édem ou não, todavia, a escolha sempre é nossa. No entanto, por conveniência ou por simples comodidade, transferimos os nossos fracassos para as desculpas mais esfarrapadas possíveis, escudadas nos famosos jargões dos perdedores, ou seja, “não tenho sorte”, “tudo e todos são contra mim”, “não tive tempo de estudar”, “não aproveitei as oportunidades” e daí por diante. Acorda amigo, não se esqueça que é você o comandante, portanto…