Como o próprio nome diz é sinônimo de alegria. Antigamente, as cidades pequenas, tipo da nossa na época, a gente não via à hora de chegar um circo e, não precisava ser dos grandes, bastava que tivesse palhaço. Aliás, era uma figura querida pelas crianças e, na verdade todos eles eram simpáticos e, o charme deles estava em agradar o máximo possível os pequenos. Todos queriam tirar fotografia com o palhaço e, ele incansavelmente atendia educadamente, sempre com a aquele sorriso imutável marcado pela sua maquiagem. E, segundo dizem o palhaço era a única pessoa da troupe circense que não podia ficar triste e nem ter mágoas nenhuma, haja vista que a sua profissão não lhe permitia tal luxo. Assim, faça sol ou faça chuva, lá está ele com aquele sorriso largo e braços abertos para dar alegria a todos, principalmente aos baixinhos e, ninguém fica sabendo se ele está triste ou alegre. Todos nós, sempre nos deliciamos com as trapalhadas dos palhaços e, só para exemplificar, escolhemos um que pode representar todos os demais, lembramos com saudades do famoso Carequinha. Cujo desempenho animou e alegrou o país inteiro até quase a sua morte que se deu em 05/04/2.006, oportunidade em que ficamos todos enlutados com o desaparecimento da alegria natural daquele artista. Interessante, é pensar que os meus queridos leitores podem estar imaginando o que será que o Nei está querendo nos dizer com a estória sobre palhaço. Ocorre que fiquei muito tempo matutando que existem muitas colocações feitas popularmente e que permanecem entre nós, só que infelizmente com sentido completamente invertido. O que estou querendo dizer é que ao colocar o assunto sobre a alegria que representa as aparições de palhaços, não dá para entender como é que quando ficamos chateados com alguém achando que aquela pessoa está nos enganando ou tentando passar a gente para trás, logo reprimimos tais atitudes dizendo para o ofensor: “você está achando que sou palhaço!”. E, também é o caso que sempre vemos pela televisão, em qualquer manifestação, principalmente política, os manifestantes colocam aquele nariz usado pelos palhaços e começam levantar os cartazes e gritar: “não somos palhaços, não somos palhaços”. Em contra partida, somente para confirmar a contradição no uso inadequado das palavras, como exemplo podemos citar dois sujeitos maravilhosos aqui da cidade, Aldo Dezan e Paulo Ramalho Matta Filho, que se vestem de palhaços para alegrar as crianças doentes dos hospitais, num gesto de abnegação e puro amor. E, recentemente, para premiar o trabalho excelente praticado pelos dois, foram convidados para trabalhar no novo hospital do câncer de Barretos, numa deferência especial a magnitude com que dedicam ao deleite e entretenimento de crianças doentes. Fazer as pessoas rirem e se descontraírem já é uma dádiva, considerando a turbulência em que vivemos, agora, fazer isso para crianças em condições precárias de saúde já é o máximo dos máximos. Sinceramente, isto é coisa de Deus. Portanto, palhaço é algo divino e, não pode em hipótese alguma ser comparado como sinônimo de mau caráter e nem servir de definição para conotações maldosas de desrespeito a dignidade das pessoas. Infelizmente, faz parte de nossa cultura usar indiscriminadamente adjetivos pejorativos sem nos dar ao capricho de pelo menos saber o significado do gesto. Só para testar, eu mesmo, muitas vezes, ao ver alguém, obviamente conhecido, usando belas camisetas com estampas super coloridas e, com frases destacadas em outros idiomas, comento: “Tá bonito amigo, o que quer dizer a frase aí no seu peito?” O mesmo sem muito jeito, meio encabulado, responde com um sorriso amarelo, não sei. Tudo bem, sem problema, porém, o infeliz pode estar correndo o risco de estar divulgando, inocentemente, alguma coisa desagradável e, conseqüentemente fazendo um papel de ridículo, no mínimo. De repente, a gente poderia despertar para isso, ou seja, ficar atento as nossas manifestações ou exposições, pelo menos, sabendo das origens ou dos significados. E, quanto à figura do palhaço, jamais pode ser comparada a coisas desagradáveis, uma vez que o mesmo simboliza, simplesmente, a alegria e a vontade de viver e, eles são verdadeiramente imortais.