Ocupações de mais para resultados de menos

Num dos Evangelhos de Jesus, Ele, sutilmente, para clareza dos presentes da época, narrou uma parábola que dizia mais ou menos assim: “havia um rico fazendeiro que obteve uma colheita muito grande de grãos de trigo. E, consequentemente, entrou numa depressão terrível, pois não sabia como acomodar aquela quantidade que deveria ser colhida brevemente. Seu desespero era motivado porque os celeiros existentes, com certeza, não teriam condições de acomodar aquele volume de grãos e mais os outros bens que o fazendeiro possuía. Após, muito pensar e se preocupar, achou por bem desmanchar todos os celeiros existentes e construir outros novos no lugar. Porém, de tamanhos bem maiores e, que tivessem a capacidade de armazenar toda a sua riqueza com folga. Depois de ver seus planos concluídos, com a colheita devidamente armazenada e segura, juntamente com os seus bens. O fazendeiro satisfeito, disse para si mesmo: agora está tudo bem, tenho o bastante para viver alguns anos na bonança sem me preocupar com nada, pois sou um homem muito rico e feliz. Deus, porém, na sua infinita sabedoria, disse: homem louco e insensato, hoje mesmo te pedirão tua alma e, o que tens, para quem será?” O que nos fez citar tais ensinamentos foi a constatação assustadora que estamos assistindo sobre o individualismo das pessoas. Ninguém conhece mais ninguém e, se conhece não se importa. Independente de qualquer ocupação que se tiver, por maior que seja em tempo algum ela vai poder substituir a presença e o calor humano que uma pessoa possa oferecer a outra. Apesar disso, o contrário já está estabelecido, pois preferimos mil vezes ficar escravo de um “whatsapp” a visitar um amigo enfermo ou não. Por conta disso e demais outras ocupações fúteis, o cúmulo já está acontecendo porque, às vezes, estamos num mesmo ambiente com outras pessoas e, alguém ali está conversando pelo dito cujo, whatsapp com alguma pessoa que está ali junto com a gente. Isto é um absurdo e, mostra claramente, que acabaram as amizades e, ninguém mais quer saber de ninguém. Como se vê, estamos solitários no meio da multidão. Hoje também é muito comum, alguém vir lhe dar um recado de que fulano faleceu e, a gente indagar, com a maior indiferença, indaga: mas, quem é mesmo? E, para esclarecer quem é a gente precisa explicar fazendo uma enorme geografia do falecido. Somados a tudo isso, se percebe facilmente o afastamento geral de um dos outros.  Para complementar ainda mais essas posturas adversas, outro dia, conversando com um amigo, pelo celular, é lógico, queria saber dele, se pelo menos havia ligado, a uma determinada pessoa comum a nós, parabenizando-a pelo aniversário, ele respondeu que tinha se esquecido da data e se justificou dizendo que estava muito ocupado com o trabalho. É por isso, que a citação da parábola acima, do fazendeiro rico, que pensou apenas em ser mais rico e, o resto que se dane, faz sentido. Para o fazendeiro rico, jamais lhe passou pela cabeça que o excesso produzido, bem que poderia ser distribuído para satisfazer aos mais necessitados que não tinham o que comer. Todavia, a ganância, mais uma vez se sobressaiu sobre a oportunidade que o mesmo teria em agradar a Deus, fato que demonstra claramente que ninguém, está preocupado com os semelhantes. Uma vez que, infelizmente, existem sempre ocupações de mais para resultados de menos. Aliás, nós todos, indistintamente, só vamos descobrir isto quando o “leite estiver sido totalmente derramado”, daí só nos restará, fatalmente, o buraco escuro do arrependimento.