De repente, a gente percebe que passou a vida toda, reparando e tomando conta das coisas dos outros. E, normalmente, admitimos, que as coisas dos outros são melhores do que as nossas. Não dá para saber, se isso, é uma tradição de valorização do externo e, se for, além, de ser péssima, nos faz deixar de sentir a beleza daquilo que está ao nosso alcance e, acima de tudo nos pertence. Costumeiramente, até nos damos ao luxo de adquirir coisas por ouvir dizer, ou, porque alguém que nos é apenas conhecido indicou ou já comprou. Somos de natureza perdulária e, por conta disso, ajuntamos durante a vida toda tanta porcaria, que na maioria das vezes, tornam-se grandes estorvos que nos deixam sufocados e, sem nenhuma chance de escolher, tal é o fardo. Não vamos aqui ser piegas, ao ponto de dizer que poderíamos simplesmente desviar a nossa futilidade para ações mais altas e solidárias. No entanto, se houvesse uma consciência mais lúcida, bem que poderíamos fazer ou nos preocupar com coisas mais elevadas, tais como, olhar para o outro que realmente nada tem. É sabido que a vida nos permite variações das mais diversas possíveis e, infelizmente, em determinado momento notamos que temos muito e, acabamos com pouco, tendo muito. E, quase sempre, parece que estamos vendados, pois, não enxergamos o que temos de bom e, estupidamente insistimos em buscar riquezas, hipoteticamente, melhores. Diante desta presumível insatisfação, achamos interessante para dar um entendimento mais eficaz, citar como reforço, um conto muito apropriado para o momento, a saber: ”Conta a lenda que um rapaz pediu ao amigo para redigir um anúncio de venda de seu sítio. E ele assim o fez: Vende-se uma encantadora propriedade rural, cortada por cristalinas águas de um caudaloso rio e, também bastante piscoso, além disso possui também uma bela extensão de um lindo arvoredo, habitado por pássaros de toda espécie. Possui também um aconchegante chalezinho, convidativo ao descanso acompanhado do trinar de pássaros diversos, principalmente, canarinhos. Meses depois, os dois amigos se encontraram e, aquele que havia feito o anúncio para venda do sítio, perguntou se ele já havia vendido a propriedade. O colega respondeu: Sabe, depois que li o anúncio que você fez, descobri a maravilha que eu tinha, portanto, não vendi e me apaixonei por ela” Está aí, um bom exemplo para uma reflexão, pois, na verdade, quase sempre o melhor está junto de nós e, não vemos. Todavia, é extremamente verdadeiro que aquele que valoriza o que tem, vive muito mais feliz e melhor, ao passo que ao contrário, aquele que não aprecia o que é seu, possivelmente, vive angustiado, insatisfeito e ansioso. É óbvio que não temos condições de controlar a nossa mente, por isso, o nosso pensamento viaja sem parar por variados lugares, portanto, sentir falta daquilo que gostaríamos de ter, porém, se ficarmos fixos nesta idéia, ou seja, só pensar naquilo que não tem, certamente, deixará de apreciar as coisas boas já tem. Não é verdade?