Nos bastidores

Aproveitando o título do artigo é conveniente dizer que a vida realmente é um palco, onde se realizam todas as cenas que o mundo nos reserva. Se formos pensar com clareza, perceber que efetivamente, às vezes, somos marionetes. Isto é, não temos condução própria, precisamos de impulsão externa para anos movimentar, acabamos sendo uma pessoa, “Maria vai com as outras.” Esse comportamento só pode ser considerado, em contra partida, a indolência natural praticada por determinadas pessoas, as quais não conseguem se manifestar claramente sobre suas atitudes indefinidas. No entanto, dentro do palco natural em que vivemos cada um desempenha um papel. Isto, portanto, nos possibilita através das oportunidades que se apresentam no decorrer da existência, a possibilidade de podermos desempenhar vários papéis, assim como os atores, em cada peça que se exibem. É como se estivéssemos nos bastidores aguardando a chamada dos produtores para que pudéssemos entrar em cena. Convenhamos dizer que cada atuação de nossa parte, poderá nos dar a oportunidade de ser outras vezes convidados.  E, acima de tudo vivendo outros papéis, portanto, as mudanças na nossa vida sempre vão depender de nosso desempenho pessoal. É, na verdade, como se estivéssemos participando de uma grande orquestra, à medida que desafinamos vamos, logicamente, sendo descartados e, na mesma medida em que vamos-nos destacando, os primeiros  lugares, certamente, vão se aproximando. E, neste ioiô da vida, ou seja, ora estamos em baixo e ora estamos em cima, é preciso sempre estar pronto para poder contracenar nas oportunidades aparecidas. Caso contrário, podemos correr o risco de ver o “cavalo passar arreado” e, a gente por um motivo outro bobear e não montar. Podemos estar sempre na coxia, aliás, uns por circunstâncias naturais conseguem brilhar e voar alto. Todavia, é certo que outros, porém, nasceram pra permanecer nos bastidores, donde vivem no anonimato somente para estar a disposição daqueles que precisam se apresentar. Por oportuno, temos em nossas vidas muitas pessoas que um dia ou vários, nos deram as mãos e nos prepararam para enfrentar o dia a dia e, até hoje ainda continuam nos bastidores, porém, sempre a disposição. E, com um exemplo singular, podemos destacar a mãe, a qual, não sai do bastidor, apenas o faz, quando precisa acudir o seu protegido, depois, volta pra o seu cantinho. E, falando nisso, lembrei-me de um conto do mestre Machado de Assis, onde o mesmo destaca os papéis de dentro e fora dos bastidores, como segue: “a agulha passa por vários estágios de sofrimento até aprender a sua função: o forno abrasador da metalúrgica, o frio intenso da água em que é temperada, o peso esmagador da prensa que a faz atingir a sua forma ideal. A partir daí, precisa estar sempre dura, brilhante e, afiada. Depois de todo este aprendizado, ela encontra a sua razão de viver: a linha. E, faz o possível para ajudá-la: enfrenta os tecidos mais resistentes, abre os buracos nos locais certos. Mas, quando termina o seu trabalho, a misteriosa costureira torna a colocá-la em uma caixa escura, depois de tanto esforço, sua recompensa é a solidão. Com a linha, entretanto, a história é diferente: a partir deste momento, passa a ir a todos os bailes e festas.” Portanto, existem dois tipos de pessoas, as que vão brilhar fora dos bastidores e, as que permaneceram para ajudar ou se acomodar. E, agora, “quem sou eu”? To fora ou to dentro!