Muito interessante tal assertiva, uma vez independentemente da idade, ninguém quer morrer, fazemos o máximo de todas as possibilidades imagináveis para ficarmos aqui mais um pouquinho. Mesmo em situações difíceis e/ou deprimentes, mesmo tendo uma vida não muito agradável, vivendo até em condições de pobreza radical, lutamos para não partir para o além. Tanto é verdade, que se indagarmos, indistintamente, para qualquer pessoa, “nossa, como você está ficando velha”, prontamente, a mesma, exclama orgulhosamente: mas, é sensacional isso, pois, têm muita gente que não chega ficar, pois, morrem cedo. Considerando que tal afirmação seja pensamento de uma maioria considerável, podemos afirmar categoricamente, mesmo considerando que por mais difícil que seja viver, ninguém quer morrer. Levando-se em conta que todos querem viver, é preciso manifestar algumas restrições, pois, seria de todo cristão que as pessoas, não precisassem viver de uma forma abastada, porém, pelo menos que vivessem uma vida, no mínimo, remediada. Infelizmente, a maioria das pessoas vive em situações precaríssimas, rodeadas de injustiça e abandono. Deixando de lado este preâmbulo geral, vamos nos ater mais ao assunto da velhice, que acaba, forçosamente, fazendo um papel ridículo na sociedade, E, em vista disso, o início da vida idosa, coincidentemente, ou não, é também o início da tristeza e da solidão. Aliás, não há necessidade alguma de se esforçar para provar isso, basta apenas verificar os atendimentos. Nos hospitais, postos de saúde, nos transportes, nas próprias casas, nas repartições públicas, e, por aí vai, uma fila enorme de insistentes pedidos que, anteriormente, eram direitos e, foram transformados em “pedir favor”, daquilo que lhe é devido. Além, de todo esses desmandos, podemos lembrar em alguns casos, que propositalmente, provocam uma descarada inversão de valores com os idosos. A ponto de quando os mesmos querem fazer um seguro de vida, não podem, estão barrados por lei. No entanto, se já possuem o seguro, eles aumentam o valor das prestações e, diminuem o valor da indenização. É mole ou querem saber mais? Podemos citar os desmandos quanto aos convênios, com valores mensais totalmente fora do alcance econômico dos idosos. Por outro lado, a política econômica de tais convênios, é estranhamente favorável aos jovens, que pagam muito menos. Acontece, porém, que o segredo está na utilização, ou seja, os idosos utilizam muito mais e, os jovens muito menos. Disso tudo, fica bem claro que, quem realmente lucra com isso são as empresas exploradoras do sistema. E, como não poderia ser diferente, somente os “bobos da corte”, ou seja, os idosos que acabam sendo prejudicados, como sempre, pois, são os mais fracos no contexto. Lembro-me também que, há algum tempo atrás saiu uma informação estatística de que existem milhares e milhares de famílias deste imenso continente que vivem da aposentadoria de seus idosos. Ainda assim, em equivalência a usurpação desses bônus alheios, como agradecimento os tratam como se fossem estranhos, jogados e abandonados sem, pelo menos, poderem usufruir de seus próprios ganhos. Ademais a mais, é certo também que a dificuldade de locomoção própria dos idosos, ao invés de a aceitarmos com serenidade, simplesmente nos irritamos por eles não acompanharem a nossa esperteza. E, por isso tudo, que ficar velho não é fácil, ou é?
Arquimedes Neves – Nei
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