Ninguém está nem aí para ninguém

Tanto é verdade, que normalmente a gente é surpreendido, pois, fazemos juízo de uma determinada pessoa e, de uma hora para outra ela se mostra completamente diferente daquilo que pensávamos que fosse. E, considerando isso, infelizmente, dá-se para constatar que ninguém está nem aí para ninguém. Afirmamos isso, tendo em vista que com uma frequência muito acentuada, vemos cenas lamentáveis sobre reações no mínimo contraditórias. E, se tivéssemos necessidade de enumerá-las o espaço disponível não seria suficiente para tal. Isto porque, em todos os seguimentos, sem exceção, ou seja, vemos decepções ocorrendo. Na família, no trabalho, nas recreações, na política, na religião e, em todos os demais setores. Por exemplo, uma mãe, a maior advogada que um filho possa ter, pois, não existe nenhum tipo de situação em que ela não dá a vida pelo filho. Porém, é certo também que quantas delas no seu íntimo, lá no fundinho do coração, sente ou já sentiu que o seu maior tesouro a decepcionou. Não dá para imaginar a quantidade de tristeza e dor, que essa mãe acumulou, sendo que por outro lado, ela também se sente derrotada, uma vez que a sua maior criação e sua esperança de sonho não realizado, teve o seu brilho ofuscado. Quantos casamentos desfeitos, ou, na pior das hipóteses, caminham aos trancos e barrancos devido ao descuido de ter deixado o amor ser consumido pela ignorância e a vivência de uma rotina diária sem graça e bastante desmotivada. Consequentemente, os que assim viveram ou, ainda vivem, observam, aliás, se é que observam, mas, veem que suas vidas foram construídas em alicerces assentados em terra fofa, sem nenhuma firmeza. Provocando, no decorrer da existência a construção de uma sonora decepção, sem retorno. Isto tudo, por conta de um alheamento que em doses homeopáticas foi crescendo, diluindo o amor que deveria ter sido lapidado. Porém, continuou sendo aquela pedra bruta, que vista a olhos nus não serve para nada. Deixou-se assim, a grandeza de uma união verdadeira, passar a ser considerada como uma mercadoria comum que pode, simplesmente, ser encontrada em qualquer prateleira de um supermercado. Aproveitando o espaço e usando apenas para ilustrar uma frase do saudoso Vinicius de Moraes, contida em seu livro “Soneto da Fidelidade”, onde ele diz: “numa união o que mais vale é a intensidade e não a longevidade”. Querendo nos dizer que é preciso amar muito, o tempo é uma questão apenas secundária. E, também aproveitando o espaço e, considerando que temos já uma longa caminhada, é bem natural que sempre nos vem à mente alguma coisa referente a este tempo de união e, nada mais justo do que citar algo que possa enriquecer o texto. Para tanto, lembramos de uma canção lá dos anos sessenta, que dizia mais ou menos assim em uma de suas estrofes: “Ninguém é de ninguém na vida tudo passa, ninguém é de ninguém, até quem nos abraça. Já tive a sensação que tinha um grande amor, hoje, só nos restou à desilusão de saber que ninguém é de ninguém.” Lamentavelmente, estamos vivendo tempos difíceis, pois, não há necessidade de se ir muito para verificar isto, uma vez que é só ligar a televisão. E, vamos assistir um desfile enorme de tragédias e, demais fatalidades. Brigas, divórcios, estupros, assassinatos, sequestros, abandonos, misérias, corrupção, pedofilia, racismo, traição, são sinais mais que evidentes de que, infelizmente, poucos se importam, apenas um pouco. Vixe gente que pessimismo, vamos mudar de assunto na próxima edição, prometo. Tchau.

Arquimedes Neves – Nei

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