Parece que foi ontem, mas, não faz muito tempo que o cinema era um verdadeiro luxo e, todos não viam à hora de assistir um belo filme na telona. Aliás, o cinema é considerado uma das sete maravilhas do mundo, tal era a sua importância no contexto global. No entanto, principalmente nas cidades do interior, na maioria delas as portas das casas desses tipos de espetáculos encerraram suas atividades. O lugar normalmente virou uma igreja ou outra qualquer atividade. Em decorrência de que é logicamente mais confortável e seguro ficar em casa na comodidade que ela oferece, assistindo filmes e todas outras demais variedades de atrações pela televisão ou pela internet. Além disso, existem ainda os DVDs, os quais deixam os clientes a vontade para escolher quais filmes quer assistir, inclusive os lançamentos, basta apenas alugar. Considerando o vertiginoso avanço da tecnologia, os aparelhos de vídeos proporcionam hoje excelentes qualidades de alta definição, que os deixa em pé de igualdade com os cinemas. Daí, conseqüentemente, as casas cinematográficas, por questão de conveniência e facilidade foram dando lugar às parafernálias eletrônicas. Outro ponto importante, embora, possa parecer um paradoxo, é que a modernidade, irmã gêmea do progresso, lamentavelmente quando começa acontecer em uma cidade vem acompanhada de fatores negativos, tais como: criminalidade, marginalidade, acidentes fatais no trânsito e demais mazelas que os grandes centros produzem naturalmente. Infelizmente, os efeitos colaterais da modernidade são visíveis, pois é muito comum quando ocorre algum fato marginal, ouvir-se no clamor da população, singularmente a seguinte expressão “é, a cidade está crescendo, já não se conhece mais as pessoas, na verdade é o preço que vamos pagar por isso”. Este parâmetro comparativo é bem normal, pois, a título ilustrativo, dia destes fui a um clube social da cidade e me senti quase um estranho, pois conhecia muito pouca gente lá, fiquei um pouco deslocado. Outro dia também, uma pessoa amiga, desesperada me contou que ficou muito triste, pois, estava em um supermercado da cidade e, não conhecia quase ninguém que ali estava. Exclamou desolada, a gente quase não percebe, mas, a cidade está ficando muito grande, quase não vemos os amigos e conhecidos. E, por falar nisso, aqui mesmo na nossa cidade estamos assistindo a transformação do visual arquitetônico e, por sinal, está ficando muito bonito, cremos que depois de pronto vai ficar um “brinco”. Todavia, só para citar um caso, deve ter inúmeros outros, em contra partida, por conta da modernidade, o vendedor de “cocadas” lá da Rua Amazonas, sumiu, pelo visto, não vai ter mais espaço para ele. Coitado, se realmente isto ocorrer, ele será mais uma vítima do efeito colateral da modernidade. Por fim, podemos também acrescentar neste perfil o caos do trânsito, onde os acidentes são a tônica principal. No entanto, os mesmos são sempre justificados com a alegação de que a cidade está crescendo, pois, é assim que funciona nos grandes centros. Ora bolas, se tudo que nos é colocado à disposição como melhoria de vida, nos custa um ônus, às vezes, elevado demais, não seria, então, coerente que se houvesse uma preocupação de se aplicar algum antídoto nos efeitos colaterais, pelo menos, para amenizar os impactos. Por exemplo, e, se as estruturas e as responsabilidades surgissem juntas com a modernidade. Que bom seria se assim fosse, assim, os efeitos colaterais, com certeza absoluta, seriam muito menos impactantes. Infelizmente, neste mundo conturbado, a euforia pela modernidade sempre embaça o sentido humanitário, colocando em segundo plano, se por conveniência ou não, as demais coisas e seres.