Lobo em pele de cordeiro

O que será que esta frase engraçada quer dizer, até parece fantasia de pessoas nas festas momisticas. Pode parecer, no entanto, no caso em pauta está longe de ser uma brincadeira ou coisa engraçada. E, para piorar o fato, a decepção após a descoberta de uma farsa desta é saber que realmente o autor da façanha é pessoa de nossa maior confiança e amizade. Comigo aconteceu uma farsa desta e, como condimento para clarear mais o assunto, acrescento um acontecimento da vida real. No entanto, procurarei ser bem explícito para não tornar a narrativa enfadonha, sendo que aconteceu mais ou menos assim: Durante a legislatura municipal entre l.989 a l.992, eu ocupava uma cadeira de vereador na Câmara de Votuporanga. E, foi neste período que a pedido de um amigo, arrumei emprego a um amigo dele em uma empresa particular, no cargo de vigia noturno. Para dizer a verdade foi uma boa ação de minha parte, pois, o candidato era bom, tanto é verdade que permaneceu naquele emprego por mais de dez anos consecutivos. Neste espaço de tempo de vereança nos tornamos amigos, porém, o dito cujo que tinha vários problemas de ordem familiar e pessoal, sempre me procurava para tentar resolvê-los. Assim, caminhamos durante todo meu mandato, sendo que durante esse tempo, o referido amigo me alugou de vez, pois, sempre estava a minha procura para resolver uma coisa ou outra. Ficou tão assídua a sua presença que a minha esposa, jocosamente, quando a campainha de casa tocava e era o dileto cidadão, ela dizia: “Nei, o seu namorado chegou”. Para encurtar a conversa, chegavam às próximas eleições e, eu me propus também a disputar a reeleição. Foi quando percebi pela ausência repentina de meu amigo, que o lobo na pele de cordeiro havia sumido. Infelizmente, era assim que estava me sentindo em relação aquele pressuposto amigo, que eu havia convivido todo esse tempo com uma pessoa falsa e fingida. Pois é, naquele período eleitoral,  não vi mais o meu “amigo”. Fiquei sabendo depois que o mesmo foi trabalhar na política para outro candidato. Na verdade há época fiquei bastante aborrecido com a ingratidão apresentada. Todavia, fiz um grande esforço mental de progressão do futuro e risquei aquela figura ingrata das páginas seguintes de minha vida. Caso contrário, ficaria amargurando algo que não valeria a pena ser lembrado. Por outro lado, infelizmente, as pessoas com essa tendência de ser lobo e transformar-se em cordeiro, estarão sempre rondando e farejando as oportunidades para agirem a seu bel prazer e disposição. Enfim, é sintomática a percepção, caso se foi envolvido por um lobo, que antes para você era um dócil cordeiro, o sentimento de ingratidão aflora como se fosse tiririca em uma grama verdejante. E, para tentar blindar isso, a nossa inocência deve constantemente ser vacinada contra tais venenos. Ou, na pior das hipóteses, o sentido de credulidade precisa estar sempre mais aguçado do que de costume. Inobstante, nossa pressuposta sagacidade sobre o assunto, o que relatamos foi apenas uma simples observação. Haja vista que, por tudo que façamos, a sutileza do lobo é muito mais superior do que a nossa frágil inocência. Cuidado.