De repente, quando a gente menos espera estamos divagando no tempo e, nos vem a triste realidade de que somos terrivelmente ingratos com tudo, inclusive, com a obra maravilhosa de Deus, ou seja, a nossa vida. Pensem bem, como o Criador em sua infinita bondade ao criar o mundo e, considerando todas as suas criações a que mais Ele caprichou foi conosco, pois, nos fez a sua imagem e semelhança. No entanto, por pura falta de consideração, fazemos aflorar em nosso coração uma insatisfação desmedida e sem sentido, com tudo que temos e, também por aquilo que não temos. E, inexplicavelmente, reclamamos de tudo, da comida, ignorando que existem milhares e milhares de irmãos que não têm nada para comer. Reclamamos da nossa vida boa, deixando de pensar naqueles irmãozinhos que se encontram jogados num leito de um hospital, sem ter nenhuma esperança ou, na pior das hipóteses, falecem ali mesmo. Reclamamos de nossas amizades, mas, nos esquecemos daqueles que vivem na mais eterna solidão, abandonados nas sarjetas, debaixo das pontes, nos labirintos e escuridões dos grandes centros e, existem alguns que podem ter um destino melhor, ou seja, estão acomodados nos asilos deficitários, que vivem de auxílio de uma sociedade indiferente aos acontecimentos reconhecidos como paralelos ou marginais. Reclamamos do Poder Público, embora por culpa exclusiva nossa não os escolhemos como se deferia, elegemos indiscriminadamente e, depois descaradamente ficamos reclamando dos desmandos que escolhemos, porque não fizemos a nossa parte. Reclamamos da educação de nossos filhos, quando, propositalmente, deixamos tudo por conta das escolas, acomodamos preguiçosamente nas atitudes que deveríamos tomar e, convenientemente transferimos as nossas responsabilidades, nos furtando de colaborar. Reclamamos da sujeira, quando na verdade somos nós mesmos que provocamos tais imundices. Uma vez que, caprichosamente, jogamos em qualquer lugar lixo, nos bueiros, de dentro dos carros, colaborando maciçamente para o emporcalhamento da cidade. Reclamamos da mendicância, contudo, somos avessos a visitar tais instituições, inclusive, colaboramos muito pouco para a sobrevivência delas. Nos esquecemos que são elas a salvação de seus hóspedes, caso contrário, estaria a maioria deles jogados ao léu, sem eira e nem beira. Reclamamos das arrelias e traquinagens de nossos filhos, todavia, ignoramos que é realmente uma benção tê-los assim. Reclamamos do vovô estar morando com a gente, ignoramos que um dia vamos ser velhos também e, o futuro é uma incógnita, quem sabe não vamos incomodar alguém, se é que isto é um incomodo. E, retornando a realidade, achamos melhor dar uma paradinha nesta viagem no tempo, onde pudemos constatar que temos uma vida maravilhosa, apenas somos muito ingratos. Na verdade, se começarmos a pensar naquilo que temos, existem situações em que Deus até nos dá muito mais do que merecemos. Em assim sendo, é possível irmos deixando as chances escaparem e, podemos perder a deliciosa emoção de dar um abraço gostoso no cônjuge, na namorada ou namorado, em nossos pais, nossos a avós, irmãos e amigos. Lembrem-se que não somos eternos, portanto, que tal começar já a desfrutar desta oportunidade, pois, amanhã pode ser tarde demais. Então, o que estamos esperando.
Arquimedes Neves – Nei
www.neineves.com.br