Insatisfação crônica

Coincidentemente, me encontrei com um amigo de infância, dia deste e, foi uma alegria enorme, haja vista que não nos víamos há séculos e, para variar começamos a papear sobre diversos assuntos. Isto porque, o dito cujo amigo é um bom papo, sabe um pouquinho de tudo e, diante desta oportunidade, rolou conversa para mais de metro. Todavia, vou aproveitar para contar para vocês sobre uma das conversas, a qual se concentrou em torno do descontentamento geral existente em toda sociedade. Onde achamos que tudo aquilo que temos é, definitivamente, muito pouco diante do que desejaríamos, devido, obviamente, a nossa insatisfação crônica de que somos possuídos. Carregando este estigma de insatisfação, é fácil observar que sempre estamos reclamando de alguma coisa. Reclamamos da comida, embora, impiedosamente, sabemos que muitos de nossos irmãos não têm o que comer. Reclamamos de nossa boa vida, sem se lembrar daqueles muitos que sofrem nas camas dos hospitais ou, mesmo tomando os serenos das madrugadas frias, sem ter onde dormir. Reclamamos das nossas amizades, sem pelo menos lembrar daqueles que vivem na solidão, sem ter pelo menos um “boa noite” para acalentar. Reclamamos do Poder Público, sobre a situação que não é boa, no entanto, nos furtamos de fazer a nossa parte, fugindo das responsabilidades de cidadão. Principalmente no que diz respeito nas escolhas (eleições) daqueles que nos devem representar, as fazemos sem a consciência devida.  E, depois entramos nas filas das lamentações ocultando as nossas culpas. Reclamamos das escolas de nossos filhos, no entanto, sem o menor pudor jogamos todas as responsabilidades de educação para elas resolverem. Ignorando que o papel das escolas é educar ensinando a ler, escrever e, a ser um cidadão digno para conviver na sociedade como seres respeitosos e amantes da pátria. Sendo que a parte de educação do cotidiano é responsabilidades dos pais, a fim de criar um cidadão cumpridor de seus deveres e obrigações perante a Deus e aos homens. Reclamamos da sujeira, sendo que lamentavelmente somos os primeiros a jogar lixo em qualquer lugar, principalmente de dentro dos veículos, entupindo os bueiros e emporcalhando a cidade. Reclamamos dos hospitais, mas, somos também alheios aos problemas que os rodeiam, tanto é verdade que ignoramos suas dificuldades em se manterem. E, para pesar mais ainda contra a nossa inércia neste particular, recentemente, os jornais locais divulgaram os balanços de atendimentos na área da saúde. E, foi constatado que no AME, uma porcentagem significativa de consultas marcadas, inexplicavelmente, os pacientes não comparecem e, nem avisam. Impossibilitando assim a remarcação da referida consulta para outra pessoa, possivelmente necessitada. Reclamamos da mendicância, porém, é certo que dificilmente vamos visitar tais instituições e, pior ainda nem colaboramos com tais serviços, ignorando o papel divino que elas fazem para proteger aqueles que precisam muito. Reclamamos de nossos pais, ignorando deslavadamente de que os mesmos foram e, ainda em muitos casos, o amparo para os filhos, no único intuito de amar e ajudar, só isso. Reclamamos do vovô ou da vovó, que moram conosco, porém, como o futuro é uma incógnita, será que quando ficarmos velhos, também, não vamos incomodar alguém? De repente, eu e meu amigo, verificamos, sem muito esforço, de que a lista dos descontentamentos e insatisfações é enorme, portanto, fomos para o outro lado da moeda. Ou seja, acreditamos que na verdade, temos muito mais que agradecer do que ficar lamentando chatices que em muitos casos nãos se realizarão. Portanto, se ficarmos lamentando, ficou bem claro para nós que deixaremos de gozar as maravilhas que a vida se nos apresenta. Então, concluímos que não podemos ser ignorante o bastante para não perceber e, ao mesmo tempo deixar escapar pelos vãos dos dedos, essas delícias que temos ao nosso redor. Ou seja, dar um abraço gostoso no nosso cônjuge, na namorada ou namorado, em nossos pais, avós, irmãos e amigos. Vamos gente, pode não parecer, mas, a vida é curta, de repente a gente fica lerdeando e pronto, tudo pode acabar e, aquele ou aquela que você podia abraçar já não está mais aí. Concluímos que, o melhor seria sorrir, pois, afinal de contas, estamos na TV da vida, aproveitemos. Tchau.

Arquimedes Neves – Nei

www.neineves.com.br