Ingratidão

Certa ocasião, em conversa com uma pessoa bastante culta ela me passou a seguinte informação sobre o comportamento humano. Disse-me que o ser humano, por excelência, é muito difícil avaliar o comportamento de uma pessoa, principalmente no que diz respeito as suas reações. Pois, dificilmente, você acerta o que melhor agrade alguma pessoa, uma vez que, às vezes, você pensa que ela vai ter uma determinada reação por algo que você fale ou faça e, estranhamente, ela age completamente diferente. Na verdade, aos que estiverem lendo este artigo, vão com muita facilidade se lembrar de algo parecido que aconteceu referente a este assunto, ou seja, o comportamento humano. E, a propósito, levando-se em consideração todos os sentimentos existentes, achei por bem falar de um deles e, não foi aleatoriamente, todavia, escolhi a Ingratidão para destacar alguns aspectos singulares da mesma, considerando que ela é um dos sentimentos que não possui antídoto prévio, haja vista que sua ação machuca profundamente. Tanto é verdade que segundo especialistas em comportamentos, a ingratidão é tão inesperada e sem nenhuma lógica racional o seu ataque. Uma vez que a gente de sã consciência não poderia jamais imaginar estar recebendo uma atitude de tal natureza, daquela pessoa tão próxima e amiga. A qual seria a última das mortais que a gente poderia supor que fosse capaz de nos atacar. É tão inexplicável o sentimento de ingratidão, que até o próprio Cristo na sua peregrinação pela terra, sentiu na carne tal desprezo. E, por ocasião da cura dos dez leprosos, apenas um voltou para agradecer, portanto, perguntou Jesus para aquele agradecido, onde estavam os outros nove. E, o Cristo, ficou sem resposta, porém, entendeu que tal atitude fazia, na verdade, parte do comportamento da natureza humana. Infelizmente é assim que funcionam as coisas, porém, a ingratidão quando vinda de pessoas que nos são caríssimas é como se fosse uma faca não muito amolada atravessando o nosso coração, dói infinitamente. Aliás, não dá para entender como procedemos em certas ocasiões, nos esquecendo muitas das vezes do socorro que recebemos, principalmente de pessoas próximas. Notadamente, ficamos confusos diante de decisões, que teriam soluções fáceis, porém, inexplicavelmente agimos diferente. Só para entender, também extraída do Evangelho, podemos aproveitar mais uma historinha em que uma pessoa na época dos cristãos lá pelo século II, onde os senhorios eram donos absolutos do comando da vida e da morte. Aconteceu que certo indivíduo comum da sociedade da época, devia certa quantia a um senhor que naturalmente tinha muitas posses. Chorou e se desculpou de todas as formas possíveis sobre a impossibilidade do pagamento, até que conseguiu a compaixão do credor. Saiu do recinto feliz e realizado, isto porque tinha quitado sua dívida apenas pela compaixão de alguém. Porém, logo em seguida encontrou um amigo seu que lhe devia também certa quantia, o colega usou do mesmo artifício que ele usou, porém, suas palavras não encontraram eco naquele coração endurecido. Realmente, neste episódio o devedor não foi perdoado. É possível, numa situação desta, entender tal reação. Sendo que numa questão de apenas alguns minutos, podemos agir irracionalmente, usando dois pesos e apenas uma medida. Portanto, é deveras verdadeira, a ingratidão não tem antídoto, ela fere, machuca e liquida alguma parte da vida do atingido. Quanto ao ingrato, não é cristão desejar-lhe algum mal, porém, é certo que mais dias menos dias a vida lhe será justa. Podes crer.