São tantas as bandalheiras por este imenso Brasil afora, que nos deixa completamente indignados, pois, à medida que o tempo passa vamos somando mais e mais situações inadmissíveis para a boa compreensão do cidadão comum do povo. Outro dia, ficamos deveras constrangidos, pois segundo informações dos grandes jornais brasileiros, com citação de manchetes de jornais europeus, onde o destaque era o Brasil. Conseqüentemente, as referidas manchetes eram de pura indignação por parte dos europeus. Os quais não compreendiam como nós brasileiros tinham tantas forças para reunir multidões incalculáveis em uma parada gay e, não tínhamos o mesmo entusiasmo para formar uma marcha a nível nacional contra a vergonhosa situação de permissidade sobre os escandalosos casos de corrupção. Soube a “boca pequena” que no dia 15 de novembro próximo, haverá uma manifestação desta natureza lá no planalto central, ou seja, em Brasília, pelo visto, não terá a repercussão necessária para incomodar os ouvidos dos infratores. E, sobre isso, me faz sempre lembrar o famoso estadista Rui Barbosa, que num contundente discurso no Senado Federal, no ano de l.914, disse o seguinte: “… de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantar-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. Meu Deus do céu será que o finado estadista depois de quase um século teve o vaticínio de profetizar o futuro do Brasil. Tanto é verdade, que agora em pleno século vinte e um, temos exatamente as mesmas cenas profetizadas ou até às vezes mais. Haja vista, que além dos atos corruptivos existentes, temos também as benesses governamentais que facilitam tais ações através da impunidade. As ações destes naipes estão num crescente tão grande que os infratores já não se ocultam mais, as falcatruas estão sendo realizadas as claras, não têm o mínimo de receio em praticá-las, pois, sentem-se seguramente acobertados pelo manto plácido da impunidade. E, para estarrecer ainda mais, fomos brindados pela revista “Veja” da semana que passou, por uma reportagem sensacional com o título de “dez motivos para se indignar com a corrupção”. Na exposição clara e documentada da revista, nos apresenta e nos informa que no último ano houve um desfalque nos cofres públicos na ordem de 85 bilhões de reais, dinheiro suficiente para realizar o seguinte: 1) erradicar a miséria, 2) custear 17 milhões de quimioterapia, 3) custear 34 milhões de diárias de UTI nos melhores hospitais, 4) construir 241 quilômetros de metrô, 5) construir 36 mil quilômetros de rodovias, 6) Construir 1,5 milhão de casas, 7) reduzir 1,2 ponto percentual na taxa de juros, 8) dar a cada brasileiro um prêmio de 443 reais, 9) custear 2 milhões de bolsas de mestrado, 10) comprar 18 milhões de bolsas de luxo (iguais àquelas com que os corruptos presenteiam sua mulher e amantes). Escolha uma das alternativas. De repente diante de uma reportagem desta natureza, que desnuda sem nenhum tipo de preconceito ou perseguição, nos resta perguntar por que será que as pessoas mencionadas e denunciadas não processam a revista? Nem se precisa dizer por que não o fazem, nitidamente são réus confessos, todos têm culpa no cartório, então diante disso nos resta apenas usar as nossas armas, através do protesto singular de nosso voto. Infelizmente, estamos sempre usando o voto emocionalmente ou convenientemente. Emocionalmente, quando votamos em parentes e supostos amigos, na maioria das vezes todos despreparados e, convenientemente, quando vendemos o nosso voto em troca de míseros favores. Os quais vamos perceber num pequeno espaço de tempo, que não nos serviram para nada, apenas vendemos muito barato a nossa dignidade em detrimento também dos nossos semelhantes. Enquanto, continuarmos dormindo em berço esplêndido, os corruptos continuaram ficando mais ricos e o Brasil cada vez mais pobre. E, nesta ciranda de corrupção, com certeza, vamos continuar lamentando uma saúde pública cada vez mais debilitada, uma educação sem um pingo de educação e, os recursos afins vazando pelos ralos ou, pelas cuecas institucionalizadas. Acorda Brasil.