A diversidade do mundo nos permite sem nenhum risco de errar qualificar as pessoas por gênero, número e grau tal qual na metodologia da língua portuguesa. Isto é, existe gente de todo o tipo e, na maioria das vezes, não se precisa ir muito longe para se encontrar tais gêneros. Todavia, há uma qualidade inerente em todos nós que passamos a vida inteira desapercebida daquilo que se encontra ao nosso redor. E, sempre olhamos as mesmas coisas com um olhar viciado, pois estamos vendo e, ao mesmo tempo não vendo. Tal a rotina em que estamos mergulhados, as quais cansam sobre maneira os nossos olhos. A ponto da gente não ter condições mentais de qualificar ou identificar aquilo ou aquele que vemos rotineiramente. Em alguns casos, podemos qualificar essa cegueira como uma possível postura de indiferença. Vemos anos a fios pessoas, coisas e demais visões das quais, certamente, não identificamos. Pois, estamos a mercê deste fenômeno rotativo que impossibilita mudar a paisagem e, fatalmente, chegamos ao cúmulo de estar vendo, porém, infelizmente não estamos enxergando. E, como é de costume vamos acrescentar um conto para melhor elucidar o fato e, por oportuno o mesmo é muito interessante e encaixa bem no assunto em questão, como segue: “existia um profissional que passou trinta e dois anos a fio pelo mesmo hall do prédio de seu escritório, lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe os bons dias e, as vezes, dava-lhe um recado, ou, mesmo lhe entregava de quando em vez uma correspondência. Um dia o porteiro morreu. Como era ele? A sua cara? A sua voz? Como se vestia? Era casado? Tinha filhos? Enfim, não fazia a mínima idéia de como era o homem que o serviu diariamente de sol a sol. Em trinta e dois anos nunca o viu. Para ser notado, o porteiro, precisou de morrer.” É horrível ou não, como se pode viver assim tão despretensiosamente, como se tudo que se passa em torno de nós fossem fantasmas. Somos de carne e osso, entretanto, agimos como se fôssemos robô. O conto do porteiro é extensivo à maioria de nós, haja vista que é só rodar um filme de nossa vida e, logo a qualquer momento dela vamos nos deparar com situações semelhantes. Ou seja, passamos anos em companhia de pessoas que nos são caras e, infelizmente, nunca as vimos. Como exemplo, de repente num momento de lucidez, você olha para sua esposa e, parece que nunca a viu. A rotina do dia a dia, as mesmíssimas coisas atropelou no decorrer do tempo às belezas da vida. Inclusive o frescor de antigamente aos poucos foi secando e, gradativamente sumiu da sua vista. Infelizmente, a indiferença se perenizou no ambiente, de tal maneira que a cegueira, a surdez e, principalmente a falta de atenção, são companheiras permanentes no dia a dia. Razão pela qual, a indiferença, da qual somos fiadores, mora em apartamento de luxo dentro de nosso coração. O que fazer para despejá-la? A reação mais objetiva seria acordarmos para a vida, ou seja, saber que em volta de nós existem muitas pessoas, portanto, não estamos sozinhos. E, que sozinhos não somos nada, caso pense ao contrário, corre-se o grande risco de virar bicho, o que, na verdade, muitos de nós somos há muito tempo. Portanto, acorde dessa hibernação idiota, a vida é bela e precisa ser vivida, assim como Deus determinou.