Homenagem a meu pai

Outro dia fiquei pensando de onde surgiu a palavra pai e, apenas por curiosidade cheguei à conclusão que cada um de nós em sua respectiva imaginação devia construir dentro de si a imagem que lhe for mais convincente para ver o seu próprio pai. Eu dentro de minha imaginação construí aproveitando a própria palavra (pai) um significado ideal para moldar na minha mente a figura majestosa de meu falecido pai. Então pensando bem, aproveitei as letras que compõe o nome e fiz um acróstico, o qual imaginando como seria meu pai achei que coube bem dentro de sua figura franzina, porém, robusta de carinho e amor. Assim sendo, a minha criação imaginativa do acróstico de meu pai, possibilitou a montagem da seguinte forma: com o P, pensei em Proteção e, com o A, sem sombra de dúvida o Amor e, finalizando não poderia deixar de aproveitar o I, para significar meu Ídolo. Interessante que o meu finado pai já se foi há algum tempo e, ainda tenho saudades dele, volta e meia me lembro de alguns “causos” que ele contava todo sorridente, pois sabia que a gente gostava de suas histórias. Aliás, todas as histórias que meu velho contava eram sobre fantasmas, lobisomens, mula sem cabeça e, por aí viajava a sua fértil imaginação. No entanto, dentre todas elas, eu e meu irmão gostávamos muito de uma que era, aliás, a preferida do pai e, ele contava mais ou menos assim: “segundo sua narrativa, quando ele era mocinho, gostava muito de ir a bailes realizados depois da participação dos terços, aliás, na zona rural era assim que acontecia. Impacientes a moçada toda não via a hora de começar o baile, uma vez que o sanfoneiro já se encontrava presente pronto para esquentar o fole do acordeom. E, contava ele que sempre por volta das quatro horas da manhã o baile acabava e todos pegavam os seus animais para retorno a suas casas. E, numa madrugada dessas, um primo seu chamado Tião que morava junto no mesmo sítio e na mesma casa, chegou da festa todo esbaforido, com os olhos arregalados de puro terror, não conseguia nem falar, depois de acalmado por meu pai e pelos tios, balbuciou o seguinte:  Jesus, Maria e José a coisa ficou feia, quando eu ia passando naquele desfiladeiro da curva do rio, vi uma mulher todinha vestida de branco parecia uma noiva, sentada na beira do barranco. E, meu pai querendo zombar do primo, disse: larga a mão de ser mole,  se fosse eu parava o cavalo e mandava a morena vestida de noiva pular na garupa do meu alazão e a gente ia se divertir um pouco. Ocorre que alguns dias depois, aconteceu um novo baile e, todos os rapazes e moçoilas no mesmo ritual se preparavam para participar dos festejos. Na volta, meu pai vinha vindo trotando em seu cavalo alazão, quando meio de longe avistou a mulher vestida de branco lá sentada no mesmo lugar dito anteriormente pelo primo Tião. O meu pai disse que começou a ficar com medo e, logo que emparedou com a distinta, ela nem precisou ser convidada foi logo pulando na garupa do cavalo e agarrou com as duas mãos geladas na sua cintura. Aí a coisa pegou feio, pois foi uma desabalada carreira do local, mais ou menos dois quilômetros até chegar em casa e o cavalo fez aquele percurso não mais que cinco minutos. E, por azar dos azares,  a assombração não largava da cintura de meu pai nem por reza brava. Enfim, quando chegou a casa, desceu do cavalo numa situação aterrorizadora, não sabia nem contar, mas, o primo Tião adivinhou o que aconteceu. Concluindo meu pai que ficou mais ou menos uns três dias sem sair de casa para trabalhar na roça.” E, assim era o meu pai, dócil, simples, brincalhão e, além do mais gostava de tocar violão, com o qual fazia a alegria de todos nós. Aproveitando a deixa gostaria de acrescentar que o meu pai, trabalhou muitos anos no I.E. Dr. José Manoel Lobo. Juntamente com a professora Olga Balboa, a qual era a sua diretora, ele exercia galhardamente a função de porteiro do colégio e, o fazia com imenso prazer e satisfação. Então, certamente, agora muitos ficaram sabendo quem era o meu pai, orgulhosamente eu digo, era o seu Paulino, lá do I.E. de Votuporanga. Complementando, é certo que as datas especiais foram criadas com o objetivo de alavancar o comércio com picos de vendas. Todavia, seria bastante inteligente de nossa parte se, por outro lado, aproveitássemos essas oportunidades para refletir o nosso comportamento para com os homenageados. Mais precisamente no caso em pauta, ou seja, “Dia dos Pais” , para que se pudesse refletir como estamos em relação aquele ente querido. Simplesmente, fazendo algumas perguntinhas básicas, como segue: “Oi pai o senhor está bem? Dormiu bem, acordou bem? Gostaria de conversa um pouco? Que tal dar uma volta, ver a praça? E os remédios estão fazendo bem para o senhor? Se o senhor precisar de alguma coisa me avisa, não se acanhe, estou aqui pertinho!” Pensem nisto. E, aproveitando a carona do assunto, quero de coração prestar uma singela homenagem aos pais vivos, desejando-lhes um buquê de felicidades e uma taça enorme carregadinha de saúde e, aos pais falecidos, lembranças, lágrimas e uma prece do fundo do coração.