Fauzi, Wagner e Artur

Como fatalidade de acontecimentos, tivemos uma semana cheia de perdas preciosas para a cidade. Fauzi Kanso, ilustre votuporanguense, de família tradicional e, embora distante haja muitos anos, venerava este cantinho do oeste paulista com amor fraternal. Tanto é verdade que era sua vontade se por ventura morresse deste mal que o afligia, queria ser enterrado aqui na terrinha santa que tanto amou. Ultimamente havia se dedicado a escrever crônicas dominicais aqui no Diário e, todas elas sem exceção estavam condicionadas as coisas e, principalmente as personalidades daqui. Com muita propriedade emoldurou suas crônicas com as mais variadas pessoas desde as mais simples até as mais importantes, para ele bastava à pessoa ser dedicada às coisas locais. Destacou com igual ênfase a todos e, engraçado que quem lia seus textos percebia claramente a sua paixão pelo que fazia e, o fazia graciosamente só pelo prazer de enobrecer a nossa gente independente de quem quer que fosse. Tratava a todos igualmente e, era este o seu ponto alto maior. E, quanto ao grande artista Wagner, que também como diria o Rolando Boldrin, “foi viajar antes do tempo”. É necessário ressaltar na referência a este votuporanguense que muitos que não o conheciam quando o viam jamais poderiam imaginar que naquela pessoa simples, modesta, estava incorporada uma grande figura, um músico gabaritado. Wagner teve como distinção uma família de músicos, sendo que os seus pais em épocas passadas brindaram a nossa cidade e região com especulares apresentações no estilo sertanejo, dos quais os mais antigos ainda lembram com doce lembrança. Daí foi como uma dádiva ao jovem talentoso, que juntamente no início com os seus dois irmãos também fizeram sucesso, nas ocasiões em participavam nas quermesses, circos e outras festas. Todavia, Wagner tinha outra paixão singular, que era o futebol e, em vista disso o seu envolvimento ficou restrito as informações através do rádio e, ultimamente emprestava o seu talento de comentarista esportivo nos microfones da TV Universitária. E, a última notícia triste recebemos nesta quarta-feira, sobre o passamento do talentoso homem de imprensa Artur Carvalho, que resistia heroicamente a doença que o acometera há algum tempo. Para os mais próximos do escritor, comenta-se que ele enfrentava a sua dor com tranquilidade e muita paz, haja vista que até crônicas referentes à moléstia teve capacidade de escrevê-las. Na verdade, as suas crônicas postadas neste diário, eram exemplos claros de sua irreverência diante da vida e dos momentos mais calorosos da nação. Gostava muito de ser picante nos seus escritos, mostrava com muita propriedade as várias formas dos questionamentos, principalmente os políticos. Tinha o dom da escrita, pois, com a naturalidade de quem está seguro naquilo que faz e diz, transmitia suas ideias e opiniões sem pestanejar. Interessante que esses três falecimentos, coincidentemente aconteceram com pessoas diretamente ligadas à comunicação, o que nos leva a crer que de certa forma, Votuporanga ficou um pouquinho mais inculta. Realmente, o que nos traz a tona quando fatos como esses acontecem é, a preocupação sobre todos os discursos que oportunamente foram ditos no calor da emoção, quais alertas foram disparados? Quais exemplos que poderemos aproveitar suas vidas, suas ações, suas presenças, o que afinal nos deixaram? Infelizmente, o turbilhão do cotidiano acaba nos arrebatando novamente para o mundinho dos que não têm tempo para nada, voltamos a ser máquinas novamente, escravos das coisas, tais como: celular, computador, novelas e, outras ocupações que na nossa paupérrima visão do que é bom para nós se resume apenas nisso. Não dá para entender porque sempre somos alavancados para mudanças diante da dor, porém, mesmo assim, a nossa vontade é de duração efêmera, não dura muito, logo a rotina nos convida para dançar e, lá vamos nós novamente. Independente de todas essas lamentações, acreditamos que Fauzi, Wagner e Artur já estão dialogando com Deus, considerando que se trata de homens da comunicação, cremos que não houve nenhum tipo de dificuldade para manterem contato com Ele. Assim esperamos e desejamos. Amém.