Fatalidade

Desde quarta feira última passada, assinalada no calendário como 13 de agosto de 2.014, foi marco de uma grande comoção nacional e até por que não dizer internacional. Com o passamento abrupto do candidato a Presidência da República, acompanhado de quatro profissionais funcionários de campanha e, dois pilotos do avião sinistrado. Ficamos praticamente cinco dias após o acidente, alimentados por quase todos os órgãos de comunicação, recebendo todas as informações possíveis, ao vivo, diretamente do local do acontecido. O Brasil quase que totalmente lamentou a fatalidade e o mundo também. Ouvimos e vimos também diversas atitudes, algumas estranhas, todavia, é assim mesmo, pois diante da morte o desempenho das pessoas é de pura perplexidade e incompreensão. Por outro lado, também foi possível ver nestes momentos condutas das mais variadas, inclusive, dos aproveitadores de plantão fazendo os oba-oba, a fim, de angariar pontos para futuras promoções. E, por falar em aproveitar oportunidades, queremos pegar uma carona, principalmente, neste acontecimento para especular sobre o assunto morte. A gente ouviu bastante comentários sobre o acidente, mais ou menos assim: “eu não acredito que isso aconteceu, pois, estava falando com ele a questão de poucas horas”, ou falavam assim: “é inacreditável, pois faz menos de dez horas que eu vi uma entrevista sua na televisão” e, assim por diante, cada um espantado de um jeito. Desta tragédia toda, ficou-nos a confirmação de um dito popular que diz: “A morte não manda recado, ela aparece de repente.” E, por falar nisso, fica também a enorme indagação: por que corremos tanto, por que nos apegamos tanto às coisas, por que não aproveitamos o nosso tempo para ficar mais perto da família? Imaginem todos os casos em tela, aliás, não dá para imaginar quantos compromissos povoavam a cabeça do falecido. É verdade que tudo, mas, tudo mesmo, ficou ali jogado ao léu entre entulhos e ferros retorcidos de uma aeronave descontrolada do meio do nada. Infelizmente anseia-se dentro de nós um exagero quase que fatal, não temos dosagem para nada, nem para beber, nem para comer e, principalmente, nem para viver. Absurdamente, compomos a nossa existência com um excesso, extremamente, fora dos limites de quaisquer planejamentos. Somos tão desordenadamente criados que podemos assistir no decorrer da vida, a antecipação de muitas fases da nossa existência. E, numa busca inusitada somos, às vezes, crianças e ao mesmo tempo adultos, tal a histeria que nos consome ao tentar ser o que ainda está por vir. A velocidade é completamente alucinante e, nesta ânsia fazemos a roda girar acima do permitido pelo tempo. Não vemos os meninos crescerem, quando damos conta, já são homens. O tempo passou e, não tivemos a felicidade de sentir o prazer existencial de viver o sabor doce da vida vivida. E, no acidente em pauta, todos os projetos e planos elaborados ficaram derramados no asfalto frio umedecido pela chuva gelada que caía naquele exato momento. Que Deus na sua infinita bondade os receba na glória de seu reino. Amém.