Há uns tempos atrás, estava eu em uma fila de banco, aguardando minha vez. É fato e, se me lembro bem, na época citada, não havia ainda fila preferencial, principalmente, para os idosos. Assim é que, estávamos todos numa fila única, isto é, preferenciais e não preferenciais. E, foi, justamente aí que presenciei, uma jovem, que ao ver uma senhora na “boca do caixa” sendo atendida e, demorando um pouco mais do que o normal, bradou em alta voz, “quando for idosa, quero não dar trabalho para ninguém, principalmente em caixas de atendimento”. E, à sua frente na fila, estava uma mulher idosa, que em defesa da senhora ofendida, retrucou: “filha envelhecer é privilégio de poucos, acredito que você não deva chegar lá”. Em vista disso e, tentando abordar o assunto envelhecer por um outro prisma, diferente daquele comum. No qual, a maioria das pessoas, só tem um único objetivo, ou seja, denegrir a imagem do idoso a ponto de considerá-lo, apenas, como uma “carta fora do baralho”. E, em assim sendo, podemos afirmar que envelhecer é uma graça de Deus, portanto, é algo indescritível, além, de ser um privilégio de poucos. Desta forma, aproveitando a oportunidade do assunto, me fez lembrar também, que em uma certa ocasião e, se me lembro, era um fim de semana, pois, estávamos participando de uma missa. O padre no comentário do evangelho, portanto, na homilia apresentada, o sacerdote perguntou: “quem gostaria de ir para o céu, levante o braço, com um sinal de ok”. Todos os paroquianos, sem nenhuma excitação, levantaram o braço, mais do que de pressa, demonstrando o desejo ardente de ir para o paraíso. Todavia, o padre, marotamente, disse: “Agora”. E, consequentemente, todos os fiéis, como se fossem uma corporação militar, abaixaram os braços rapidamente. Vejam só, que nesta breve citação de um acontecimento, deu para se notar a indecisão das pessoas, como um todo. Uma vez que preferem, sem pestanejar, ficar mais um pouquinho por aqui, isto é, envelhecer o mais tempo de vida que se puder, do que ir para céu de imediato. Então, diante disso, não seria mais lógico que daqui para frente, começássemos a ver o envelhecimento com outros olhos e, obviamente, aproveitar a vida como ela é. Para tanto, bastaria que agarrássemos estes momentos de experiências redobradas, para agradecer ao Criador, pedindo a Ele que em sua infinita bondade nos deixasse aqui mais um pouquinho. E, como ponto de referência para nós, os aniversários nossos seriam o indicativo inicial, uma vez que, graças a eles, podemos compartilhar momentos agradáveis e maravilhosos com aqueles que mais amamos, ou, mais gostamos. Na verdade, nestas oportunidades esquecemos de agradecer por mais um ano aqui presente. Ao invés disso, sempre estamos nos lamentando, principalmente pelo surgimento dos cabelos brancos, como se isso fosse uma derrota e, não uma vitória por mais uma primavera vivida. É, praticamente impossível, acreditar que muitos de nós nos entristecemos, por ocasião, de mais uma primavera. Infelizmente, isto ocorre porque temos medo de perdermos a nossa capacidade laborativa, embora, tais fatores sejam consequências biológicas, das quais não temos rédeas para impedir. Porém, a cada ano que passa, pelas graças de Deus somos vencedores e, estamos outra vez no pódio. Isto posto, às vezes, é muito complicado discernir o que é relevante durante a caminhada, se é ficar contando os cabelos brancos, as rugas ou, quanto tempo ainda o nosso corpo aguenta o batente. Na verdade, o destaque da vida é crescer por dentro, com dignidade e caráter, sendo que, os aniversários são inevitáveis, porém, ficar velho é uma opção, por isso que envelhecer é privilégio de poucos. Amém.
Arquimedes Neves – Nei
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