Estava eu outro dia folheando uma revista e, deparei com um pequeno conto que dizia sobre o afago no sentido de acolhimento do outro. E, o conto relatava mais ou menos assim: “Num brechó, certa vez entrou uma senhora um tanto quanto robusta, que começou a procurar nas prateleiras alguma roupa que lhe servisse. Todavia, a tarefa seria, com certeza, um pouco difícil, haja vista que os manequins disponíveis eram de tamanho médio para baixo. No entanto, a atendente da loja ao notar o desespero da freguesa na busca de algo que lhe agradasse e servisse, ficou angustiada, pois, era certo que a senhora na acharia o que procurava. A atendente ficou deveras preocupada porque não queria que a senhora se sentisse mal pelo tamanho das peças de roupas existentes e, em vista disso se sentindo automaticamente excluída. A atendente sentindo o desfecho da situação começou a orar a Deus e pediu que lhe desse sabedoria para conduzir aquele momento, evitando que aquela senhora se sentisse excluída ou humilhada na sua auto estima. Foi quando o esperado aconteceu. A senhora se dirigiu a atendente e disse tristinha: É não tem nada grande, né? E a atendente, sem até aquele momento saber o que diria, simplesmente abriu os braços de uma ponta a outra e lhe respondeu: Quem disse? Claro, que tem! Olha só o tamanho desse abraço! E a abraçou com muito carinho. A senhora se entregou aquele abraço acolhedor e deixou-se tomar pelas lágrimas exclamando: Há quanto tempo que ninguém me dava um abraço. Obrigado querida. Não encontrei o que vim buscar, mas encontrei muito mais do que procurava.” Pessoal, fiquei muito emocionado quando li este pedacinho de doação, tanto é verdade que pensando bem, como é fácil e, na maioria das vezes, fazer-se feliz, ou melhor, proporcionar ao outro uma felicidade maior ainda. Basta simplesmente um gesto de carinho de nossa parte e, certamente será o suficiente para lubrificar a comunicação e aquecer o coração, com um cumprimento, um aceno ou mesmo um sorriso, não precisa mais nada. É certo que a tendência natural nos casos de possíveis situações fora da regra geral, seja alvo de caçoadas ou pior ainda de desprezo e, principalmente de exclusão. No entanto, na história acima, nota-se claramente que foi apenas um abraço que motivou a senhora a se sentir gente e, isso foi muito importante, haja vista que às vezes encontramos a felicidade na própria simplicidade da vida. Eu, particularmente, já vivi situações constrangedoras e, demasiadamente infelizes, pois, comumente ao entrar em um elevador, viajei verticalmente vários andares em companhia de alguma pessoa sem tocar sequer um cumprimento. E, quando isso ocorre, aliás, não é difícil de acontecer, parece que aquele momento não vai acabar mais, tal é o desconforto que se passa numa situação dessa. É bem verdade que o isolamento nos torna cada vez mais robotizados e, caminhamos celeremente para as doenças modernas, caso específico da famosa depressão. Interessante notar que a tecnologia também tem participação muito destacada neste enclausulamento, haja vista que hoje em dia as pessoas não se visitam mais, pois tal prática foi devidamente substituída pelas novelas. E, ai de quem um dia se atrever a ir à casa de algum conhecido justamente na hora da novela. Não vá, senão será motivo para acabar com a amizade que ainda lhes resta, pois é fatal que você será simplesmente ignorado. Já aconteceu comigo e, creio que não seja eu uma exceção, mas, quando em conversa com um amigo, de repente o seu celular tocou, ele atendeu, conversou um pouco e, em seguida continuamos o bate papo, aí o celular tocou novamente, ele atendeu, daí a pouco desligou e continuamos a conversa, novamente o celular tocou, aí bati no ombro dele e fui embora. Diante disso, o que na verdade não é coisa desconhecida de ninguém, vamos observar que livremente por nossa conveniência nos ocupamos de um mundaréu de coisas fúteis em troca de uma amizade, de um afeto e tornamos pessoas desagradáveis. O incontestável é perceber que aos poucos estamos desatando o tênue fio que nos liga a felicidade e, trocando-a ironicamente por uma “aconchegante” depressão. É como diz o velho ditado: “cada um é dono do seu nariz”, infelizmente, na maioria das vezes, não sabemos administrá-lo.