Eu hesitei um pouco, por isso estou agora prestando minhas homenagens a todos os pais, isto porque estive pensando nessa comemoração, por sinal, merecida, que acontece todos os anos no segundo domingo do mês de agosto. O fato que me trouxe certa dificuldade sobre a data, ocorreu em ter percebido por certo tempo que a dita comemoração sempre traz um lado triste para aqueles que já não têm os pais. E, em vista disso, tenho a impressão de que quase a maioria das pessoas que estão lendo este artigo já não tem o pai. Infelizmente, eu mesmo já não tenho o meu querido pai, pois, o mesmo já se foi há vinte anos, porém, confesso que ainda tenho grandes lembranças dele em meus pensamentos. Lembro-me perfeitamente que o forte do meu velho era contar “causos” e, a sua especialidade era os que envolviam os sinistros da época. Ou seja, os de lobisomem, mula sem cabeça e, toda sorte de assombrações que povoavam a turma daquele tempo. Interessante e, aliás, com muita propriedade, os contos eram apresentados somente na calada da noite, após o jantar, a gente se reunia e, o velho seu Paulino, começava as suas narrativas fantasmagóricas, tínhamos medo, mas, era muito divertido. Interessante, que o cenário era perfeito para tais aventuras, considerando a realeza do ambiente que era iluminado pela luz do fogão de lenha e, pelas lamparinas a querosene que empretejavam o nariz de todos nós, com aquela fumaça preta e encardida. Não obstante tudo isso, ou seja, as dificuldades naturais na formação de uma família, a mesma era sempre alicerçada na figura proeminente do pai, que sem muita instrução, porém, com um caráter a toda prova, espalhava sobre o seu domínio respeito e autoridade, porém, sempre comedida para cada situação. Muita gente, nos acha saudosista, todavia, não por donde não ser, pois, com referência a pai, não é invenção minha, porém, a maioria sabe que a maior preocupação deles era que seus filhos se tornassem homens e mulheres íntegros e pessoas de bem, trabalhadoras e respeitosas, o objetivo central era este. Com pesar citamos que a figura afetiva e carinhosa do pai hoje se manifesta de maneira um tanto quanto tímida, embaçada. Como sempre em todas circunstâncias temos desculpas mil para justificar coisas que não deram certo, é por sinal, bastante oportuno citar que as coisas são diferentes devido agora os tempos serem outros. Infelizmente, no aspecto familiar as mudanças foram nitidamente da água para o vinho para pior. Tanto é verdade, que o pai moderno se meteu em querer se equiparar ao filho, não como tal, mas como amigo. E, como não poderia deixar de ser, se deu mal. Devido este comportamento literalmente equivocado, onde o nivelamento não é conveniente em se tratando de hierarquia familiar, pois, é bem claro que pai deve ser estritamente pai e, filho também, deve ser estritamente filho. Não é difícil encontrar por aí, país revestidos de um ufanismo medíocre e imaginário dizer de peito aberto, “eu e meu filho, somos grandes amigos”. E, é aí que mora o perigo, com referência a educação, pois, na verdade, amigo qualquer pode ser, mas pai somente um pode ser. É essa a condição para que haja uma boa harmonia familiar, dentro dos parâmetros do respeito uns aos outros, onde se pode definir com clareza de quem é quem. Educar com liberdade e ensinar a aplicá-la, é a melhor forma para desenvolver a confiança e consolidar o amor paternal. Todavia, muitos conflitos não há como evitá-los, mas, muitos podem ser resolvidos com um bom diálogo e, bastante respeito mútuo, entre pai e filho. E, quanto às dificuldades apontadas inicialmente, as quais podem ser classificadas como mais tristeza do que alegria neste tipo de comemoração que envolve a família. Principalmente, a criança vê-se com certo receio a permanência dela nestes tipos de festividades, sobretudo, para aquelas que não têm o pai ou a mãe no dia delas. Não sei se estou falando “borracha” ou não, porém, o poder constituído deveria observar, principalmente, nas escolas como está sendo conduzido este tipo de comemoração, dia do pai ou da mãe. Qual está sendo o papel e a participação dela? Estão misturadas com as outras, comemorando juntas, situações diferentes? Somente a título de colaboração, seria interessante os coordenadores desse tipo de comemoração do poder público, observar a respeito se tudo está bem. Independente disso tudo, embora tardiamente, como homenagem para todos os pais vivos, desejo muita paz, saúde e paciência e, aos pais falecidos, muitas orações e saudades.