É bastante comum, ouvir-se nas rodinhas de bate papo, nas reuniões sociais e, em quaisquer lugares que se reúnem, a saber: “me sinto como se fosse um jovem, com pouco mais de 17 anos, “não se sabe se alguns falam por falar, num sentido jocoso ou, se outros exprimem realmente o que ilusoriamente pensam ser verdade. Isto porque a maioria das pessoas acima dos cinquenta anos, o pensam assim. E, acreditamos que neste segundo tempo de vida, os janeiros inexoravelmente, começam a deixar marcas profundas, dando sinais evidentes que o corpo começa a ficar cansado. E, é bom lembrar que a mente humana envelhece mais lentamente do que o corpo, daí a ilusão de algumas pessoas pensarem, embora estejam com a mente arejada, que seu corpo ainda pode acompanhar os seus reflexos. Ledo engano, pois, é sabido de todos que o organismo sofre ao passar dos anos um desgaste natural. E, vai normalmente precisando dos cuidados de manutenção através de medicação, inclusive com visitas periódicas aos facultativos da saúde. Normalmente, notamos e vemos pessoas que apelam de todas as formas para fugir da velhice aparente, camuflando tais aparências através de maquiagens e cirurgias restauradoras. Até aí tudo bem, uma vez que a boa aparência para muitos massageia o ego, dando alegria interior, porém, é importante não se iludir, pois a concorrência natural pode magoar intensamente. E, o risco que se corre acumulando todas essas vaidades é que a pessoa sem se aperceber pode começar a fazer um papel ridículo perante as demais pessoas. Por outro lado, existem aquelas pessoas existencialistas que vêm à vida de frente, a encaram na medida em que dispõe. Dentro desta filosofia de vida, outro dia encontrei um amigo e, por fazer muito tempo que não o via, senti muito prazer em conversar com ele. Uma vez que o mesmo é uma figura nota dez e tem muito para ensinar. Perguntei-lhe como ia indo e ele me respondeu que muito feliz, pois, Deus lhe havia concedido a oportunidade de estar vivendo com relativa saúde compreensão das coisas, porém, ele me disse que agora estava entrando na “temporada do ite”. Curiosamente perguntei-lhe o que seria a temporada do ite”. Ele com um largo sorriso me disse que há dias sentia uma dorzinha de cabeça desagradável e, por imposição da patroa teve que consultar um médico. Depois de examinado o médico laconicamente diagnosticou que estava com sinusite. Em seguida outro dia, seu ombro começou a incomodar e, também teve que ir ao médico onde foi constatado que estava com bursite. Mas, segundo o meu amigo o pior ainda estava por vir, pois não se sabe de onde veio, surgiu nas suas juntas uma dor aguda que deixou as articulações todas comprometidas. Dificultando até os movimentos das pernas e dos braços. Sem outra alternativa, uma vez que o tratamento caseiro não estava resolvendo, foi obrigado novamente visitar o ortopedista. Tira raio “x” daqui ressonância dali, após alguns resultados o médico constatou que, estava eu, com artrite. Assim o caro amigo médico me disse que esta era a “temporada do ite” e, diga-se de passagem, que era sem choro e nem vela. Independentemente de todas essas mazelas, meu amigo continua sorridente e diz para quem quiser ouvir em alto e bom som, que apesar de tudo a vida é boa, portanto, vai se cuidar bem para ver se consegue chegar aos cem. E, antes de nos despedirmos ele olhou bem nos meus olhos e disse: colega até sinto bem, todavia, jamais direi que me sinto como se tivesse dezessete anos, pois, não quero já nessa altura do campeonato da minha existência ser reconhecido como um Pinóquio, ou seja, um mentiroso. Tchau.
Arquimedes Neves – Nei
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