Desilusão

Este sentimento de tristeza que fatalmente a desilusão propicia é muito natural. Uma vez, que quando   se está desiludido o coração fica amargurado e, nestas circunstâncias só nos resta o acre gosto de cabo de guarda-chuva na boca. Além das desilusões naturais da vida, onde o emocional se destaca, sempre há àquelas que se destacam muito mais, pois, estão representadas pela atuação dos políticos tupiniquins. Quando vemos os desfalques nos cofres públicos acontecendo a todo o momento, a malversação do dinheiro público, hospitais totalmente desprovidos de recursos, a educação cedendo lugar a deseducação, funcionários públicos sendo demasiadamente diferenciados dos empregados comuns, gabinetes políticos lotados de parasitas, são motivos mais que justos para atiçar a nossa desilusão. Outra situação que todos os brasileiros estão “carecas” de saber é o entupimento de pessoas, na maioria das vezes, totalmente desqualificadas, nos cargos públicos, por simples nomeação. E, por falar nisso, recentemente li que a Ministra das Relações Institucionais, está sendo pressionada pelo seu partido para promover rapidamente a distribuição dos cargos de segundo escalão do referido Ministério para os apaniguados do partido. Gente é ou não é para se ficar desiludido e, o pior de tudo que essas acomodações, que por sinal nos custam muito caro, a maioria dos que ocupam esses cargos, às vezes, nem trabalhar vão, apenas confere o valor do “holerite” depositado na conta. O crescimento assustador do índice de criminalidade, somados a outros fatores favorece a marginalidade, uma vez que nos programas de desarmamento os únicos que entregaram suas armas foram às pessoas de bem. Por outro lado, as autoridades “iluminadas” que projetaram o programa se esqueceram de verter a lei também para os marginais, uma vez que os mesmos continuam armados até os dentes. Por outro lado, esta condição desigual está proporcionando com isso um desequilíbrio de forças entre as partes, ou seja, a sociedade civil e os bandidos. E, aí dá para ficar desiludido ou não? Todavia, dentro desse mar de desilusões que nos oferecem a classe política, como lenitivo li na coluna “Bastidores” do jornalista Antonio Carlos de Camargo, a relação de algumas questões que fatalmente idealizariam o apogeu de uma nação caso se concretizasse como segue: Voto facultativo? Sim! Apenas dois senadores por estado? Sim! Reduzir pela metade os Deputados Federais e Estaduais e Vereadores? Sim! Acesso a cargos públicos, somente através de concursos e não por nepotismo? Sim! Reduzir os trinta e sete Ministérios para doze? Sim! Cláusula de broqueio para partidos nanicos sem voto? Sim! Fidelidade partidária absoluta? Sim! Férias de apenas trinta dias para todos os políticos e juízes? Sim! Ampliação da Ficha Limpa? Sim! Fim de todas as mordomias de integrantes dos três poderes, nas três esferas? Sim! Cadeia imediata para quem desviar dinheiro público? Sim! Fim dos suplentes de senadores sem voto? Sim! Redução dos vinte mil funcionários do Congresso para um terço? Sim! Voto em lista fechada? Não! Financiamento público das campanhas? Não! Horário Eleitoral obrigatório? Não! Maioridade penal aos dezesseis anos para quem tirar título de eleitor? Sim! Acabar com as pontes (folgas) entre feriados nas repartições públicas? Sim! Infelizmente, tudo isso não passa de uma grande utopia, uma vez que jamais os políticos irão legislar contra os seus inescrupulosos princípios. Portanto, é certo que ainda por muito tempo ou talvez para sempre iremos acalentar a nossa eterna desilusão.