Interessante, quando se começa conversar sobre épocas e tempos, dificilmente consegue-se desassociar-se o passado do presente e vice-versa. E, pelas conversas dos amigos, dos quais, se podem observar várias primaveras nos ombros de cada um, o assunto, na maioria das vezes, é só saudosismo, aliás, não poderia deixar de ser. Considerando este parâmetro, sempre quando se reúnem os lindos da terceira idade, a pauta é diversa, todavia, tem um acentuado interesse em pender os assuntos com ênfase nas coisas de antigamente. Inobstante essa parcialidade de qualquer modo pelos valores apresentados atualmente dá-se para perceber que realmente as coisas de outrora conseguem manter uma vantagem um pouco mais acentuada do que das de agora. Somente a título de comparação reunem-se algumas situações dantes e depois e, nota-se claramente que grande parte, tanto dos costumes quanto das coisas, as anteriores sobressaem sobre as atuais. Por acaso, conseguimos quase que como uma mágica, encontrar algumas anotações em uma velha revista, as quais, sem autoria, podendo ser consideradas como de domínio público. Sendo que o referido texto parece que foi feito exatamente para ponderar sobre o assunto em pauta, assim num lampejo de pura sorte vamos aproveitá-lo, como segue: “Não se usa mais, aos mais velhos ceder o lugar, a benção aos pais suplicar, em família histórias contar, remédios caseiros tomar. Não se usa mais, mas que falta faz, boa leitura cultivar, hinos pátrios nas escolas cantar, o estudo valorizar, conhecer provérbios da sabedoria popular. Não se usa mais, mas que falta faz, os amigos visitar, na calçada à tarde conversar, crianças na rua brincar, a qualquer hora caminhar. Não se pode mais, mas que falta que faz, a família a igreja freqüentar, nas refeições á mesa se assentar. Não se usa mais, mas que falta que faz, filhos ordens acatar, alunos ao professor respeitar, jovens em casa namorar, pai e mãe, juntos morar. E outras coisas mais, que falta que faz.” Vejam só quantas coisas deliciosas eram praticadas em eras passadas, pelo visto havia consonância direta da família com as pessoas em si, sendo que o centro das atenções era sem dúvida alguma o aconchego do lar. E, dentro deste burburinho enloquecedor que se tornou o mundo de hoje, vemos as pessoas transformarem-se em robôs. Pois, a falta de tempo monopolizou a todos, sacudindo os pilares da sociedade, tornando-nos insensíveis ao calor humano, infelizmente somos parecidos às máquinas. E, por conta de tudo isso é que vemos uma total inversão de valores, onde o que antes era errado, por excesso de uso hoje se tornou certo. Consequentemente, os filhos hoje cumprimentam os pais, com um simples “oi velho”, ou na pior das hipóteses, com um “tudo bem cara”. E, no aspecto cortesia e ou respeito aos mais velhos, já se foi o tempo. Tanto é verdade, que dificilmente se vê a cessão de lugar ao mais idoso, foi preciso criar-se lei para fazer valer o respeito a tal regalia. Assim mesmo ainda existem algumas resistências a respeito. Antigamente os professores eram figuras respeitabilíssimas na comunidade, tal deferência não era só exclusividade dos alunos, todos sem exceção, tinham os mestres colocados em pedestais bem altos, tal era o prestígio que gozavam perante os meios sociais da época. Infelizmente, hoje tudo são quimeras, haja vista que não se pode recuperar o tempo com relação às atitudes e costumes, tal medida é sumamente impossível. Assim não nos resta alternativa senão aproveitar estas tardes ensolaradas e, abrir uma antártica bem gelada, curtir nas saudades os velhos bons tempos de outrora, ouvindo é claro um belo long-play do saudoso Francisco Petrônio. Ah… que delícia.