Interessante notar que o tempo passa e também os costumes e atitudes vão se mudando, às vezes, para pior outras para melhor. No entanto, para pior tem sido a tônica mais procurada pelas pessoas. Haja vista que se me lembro bem antigamente certas posturas eram fundamentais nas pessoas, principalmente dignidade e cumprimento dos compromissos, mais propriamente das palavras dadas. É possível, ainda lembrar que antigamente não havia necessidade de se assinar papel algum para cumprir aquilo que se combinou. Bastava dar a palavra ou apenas um fio do bigode, já era mais que suficiente. Aproveitando a oportunidade é possível pensar então que o costume de não ter bigodes hoje em dia tem tudo haver com o fato da impossibilidade moral da utilização do mesmo como em épocas passadas. Considerando, haja vista, que atualmente compromissos e palavras são quebrados na maior “cara de pau”, sem nenhum tipo de constrangimento. E, é também bom lembrar que o nosso caráter ficou tão distorcido que facilmente ignoramos aquelas pessoas que outrora foram amigas nossas e, que no momento passam por situações um tanto quanto difíceis. Agimos, com elas, como se não as conhecêssemos, como se o fato de tê-las conhecido possa comprometer a nossa pseuda posição social ou outras coisas mais. E, sobre o assunto, ocasionalmente me veio à lembrança de um filme que assisti há algum tempo, com a participação fenomenal do astro Harrison Ford, onde o mesmo fazia o papel de Assessor do Presidente americano. Na trama do filme, surgiu um problema seriíssimo envolvendo o presidente com colegas de sua juventude, onde um deles se tornará um terrorista da mais alta periculosidade. Inimigo número um da nação americana. Como não poderia passar despercebido, a imprensa acabou descobrindo esta amizade entre o primeiro mandatário e o temido terrorista e, foi um prato cheio para tentar expor o presidente a um papel ridículo ou no mínimo constrangedor. Então o alto escalão presidencial foi convocado para estudar e ajudar o presidente na coletiva que teria de fazer para explicar principalmente o relacionamento dele com o terrorista. No auge da reunião, depois de se debater as mais variadas posturas de expor a situação para a nação, chegou-se a um resultado final. E, ficou acertado que o presidente simplesmente deveria se esquivar do assunto, apenas responder que naquela época estudantil não tinha amizade com o referido colega e não manteve nenhum tipo de relacionamento, pois o dito cujo pertencia à outra turma. O presidente eufórico com o resultado e, sentindo ser aquilo que foi decidido o melhor para todos, antes de desfazer a reunião notou que um de seus assessores não havia participado do debate, apenas ficara calado o tempo todo. Curiosamente o Presidente, perguntou ao referido assessor se aquilo decidido não lhe agradou e, Harrison Ford, levantou-se e disse: Excelência, caros colegas assessores e secretários, a decisão já foi tomada, portanto, pouca importância tem a minha opinião. O Presidente aparentando um pouco irritado, falou, exijo que nos coloque a sua posição. Diante disso, o Harrison, falou: Excelência, naquela época de estudantes, o senhor era amigo e participava de tudo com o então desafeto da nação americana. Por isso, é certo que mantenha essa verdade, acrescentando que depois daquele tempo cada um seguiu o seu caminho e, agora ao ficar sabendo que seu antigo colega de classe virou um terrorista deixou o seu coração completamente amargurado e, que infelizmente ele terá que pagar pelos seus erros. Excelência, ao dizer a verdade, o assunto ficará encerrado para sempre, pois, não haverá mais nenhuma coisa para ser especulada e, o senhor ficará com a consciência tranqüila e a sua confiança crescerá enormemente diante da nação. Silêncio total no gabinete presidencial e, o presidente se retira para a coletiva de imprensa, respira fundo e fala a verdade, para surpresa geral e sua própria, se sentiu livre e feliz. Em vista disso tudo me veio à mente, que na verdade não somos totalmente felizes, pois, estamos presos a dogmas fictícios criados por uma sociedade madrasta e hipócrita. Enfim, somos todos “Maria vai com as outras”, infelizmente.