Cabelos brancos II

Agora, dia primeiro de outubro próximo passado, foi considerado o dia do idoso, portanto, dia dos “caras” de cabelos brancos. Embora, por motivos variados, tal comemoração, tenha sido um tanto quanto embaçada, isto é, sem o brilho, que tais figurantes, por merecimento deveriam merecer. Inclusive, é visto e sabido, que na vivência do dia a dia, nota-se, claramente, a falta de desrespeito, disponibilizada, graciosamente, em detrimento aos cabelos brancos. Todavia, é fácil verificar que, tais procedimentos, ocorrem em vista de que, os cabelos brancos, distintivos naturais das pessoas idosas, por uma questão de costumes, são qualificadas como pessoas inativas e dependentes. Me considerando como um cabelo branco, em vista disso, me qualifico como um defensor dos idosos, neste questionamento. Para tanto, afim de, tentar encher a nossa bola, procuramos e achamos, dentro de uma velha caixa de sapatos, alguns pedaços de folhas de revistas amareladas pelo tempo. Uma historiazinha que, certamente, irá massagear o nosso ego, já por várias vezes, pisoteados moralmente. Como segue: “Um jovem muito arrogante, numa viagem de trem, num trajeto bastante longo, saboreava alegremente uma cerveja geladinha. Tomou para si a responsabilidade de explicar a um senhor já maduro, próximo dele, porque era impossível a alguém da velha geração entender esta geração. E, começou a dissertar para o velho, dizendo todo garboso que o mesmo havia crescido em um mundo diferente, um mundo quase primitivo, o estudante disse alto e claro de modo que todos os que estavam dentro do vagão pudessem ouvir. E, continuou, nós os jovens, crescemos com internet, celular, televisão, aviões a jato, viagens espaciais, homens caminhando na lua, nossas espaçonaves tendo visitado Marte. Nós temos energia nuclear, carros elétricos, carros disponibilizados de todo o conforto e dispositivos eletrônicos, computadores com grandes dispositivos de processamento. Enfim, nós somos os bons do pedaço, sendo que vocês são de fato uns inúteis, inclusive, em muito dos casos dão muito trabalho a sociedade como um todo. O jovem se sentindo avo de toda a atenção existente no recinto, fez uma pausa para tomar mais um gole de cerveja e, neste lapso de tempo, o velho como todos os demais que ouviam a narrativa desmoderada daquele insolente garoto. Olhou bem para o estudante e, pôs as mãos em seu peito para colocá-lo em atenção e disse, alto e bom som, para que todos também pudessem ouvi-lo: Você está certo filho. Nós não tivemos estas coisas quando éramos jovens porque estávamos ocupados em inventá-las para que vocês pudessem ter esse mundo maravilhoso de conforto e bem-estar. Naturalmente não contávamos com a hipocrisia, a falta de respeito e, principalmente, a falta de consideração de como fomos brindados por sermos sido preocupados com os nossos descendentes. E, virando-se para o estudante o velho completou e, você, seu bostinha, arrogante dos dias de hoje, o que está fazendo para a próxima geração? O velho de cabelos brancos foi aplaudido de pé por todos os presentes. ” Observem que o conto foi apenas para reforçar a situação ora, existente, aliás, não se precisa fazer nenhum esforço para se verificar isso em qualquer canto que a gente estiver. A propósito, o gesto de respeito aos mais velhos, foi-se no decorrer dos tempos diluindo-se paulatinamente e, hoje muito dos costumes de antigamente precisaram virar lei para que se pudessem privilegiar os cabelos brancos, tais como: Estacionamento privativo para idosos é lei e, mesmo assim alguns “cabeças de bagres” desrespeitam os idosos e a própria lei. Nos atendimentos públicos, criou-se através de Lei o atendimento preferencial, melhorando sobremaneira o conforto aos idosos. De tudo isso, observa-se, claramente, que nos tempos atuais mesmo com o esforço, embora, apático das autoridades constituídas, em favor dos idosos, dá-se para concluir que cabelos brancos só servem para duas coisas, primeira, ser ponto de referência, segunda, identificar que a pessoa está realmente ficando velha, só isso e nada mais.

Arquimedes Neves – Nei

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