Foi dia 1º próximo passado que o calendário gravou um tanto meio que decepcionado o dia nacional do idoso ou dos cabelos brancos. E, por falar nisso, estou no decorrer dos anos descobrindo com certo ressentimento que os cabelos brancos estão sendo demasiadamente desrespeitados. Haja vista que as novas gerações que estão usufruindo das descobertas dos antigos cabelos pretos hoje brancos, não estão nem aí com os esforços prestados no passado para beneplácito do conforto de agora. E, nostalgicamente apenas para encher a bola dos cabeças brancas, retiramos de uma revista amarelada pelo tempo uma historiazinha que certamente irá massagear o nosso ego já por várias vezes pisoteados moralmente, como segue: “Um jovem muito arrogante, numa viagem de trem, num trajeto bastante longo, saboreava alegremente uma cerveja geladinha, tomou para si a responsabilidade de explicar a um senhor já maduro, próximo dele, porque era impossível a alguém da velha geração entender esta geração. E, começou a dissertar para o velho, dizendo todo garboso que o mesmo havia crescido em um mundo diferente, um mundo quase primitivo, o estudante disse alto e claro de modo que todos os que estavam dentro do vagão pudessem ouvir. E, continuou, nós os jovens, crescemos com internet, celular, televisão, aviões a jato, viagens espaciais, homens caminhando na lua, nossas espaçonaves tendo visitado Marte. Nós temos energia nuclear, carros elétricos, carros disponibilizados de todo o conforto e dispositivos eletrônicos, computadores com grande capacidade de processamento. Enfim, nós somos os bons do pedaço, sendo que vocês são de fato uns inúteis, inclusive em muitos dos casos dão muito trabalho para a sociedade como um todo. O jovem se sentindo alvo de toda a atenção existente no recinto, fez uma pausa para tomar mais um gole de cerveja e, neste vácuo de tempo, o velho como todos os demais que ouviam o ufanismo desmoderado daquele insolente garoto, olhou bem para o estudante e, pôs as mãos em seu peito para colocá-lo em atenção e disse, alto e bom som para que todos também pudessem ouvi-lo: Você está certo filho. Nós não tivemos essas coisas quando éramos jovens porque estávamos ocupados em inventá-las para que vocês pudessem ter este mundo maravilhoso de conforto e bem estar. Naturalmente não contávamos com a hipocrisia, a falta de respeito e, principalmente a falta de consideração de como fomos brindados por termos sido preocupados com os nossos descendentes. E, virando-se para o estudante o velho completou e, você, seu bostinha, arrogante dos dias de hoje, o que está fazendo para a próxima geração? O velho foi aplaudido de pé por todos os presentes.” Observem bem que o conto apenas foi para reforçar a situação ora existente, não se precisa fazer muito esforço para verificar isso em qualquer canto que a gente estiver. Nota-se claramente o desrespeito e a falta de educação para com os cabelos brancos, tanto é verdade, que consequentemente notamos também o crescimento vertiginoso das tragédias e similares, pois, a luta tornou-se no significativo “quem pode mais chora menos”. A propósito, o gesto de respeito aos mais velhos no decorrer da modernidade, foi-se diluindo paulatinamente e, hoje muitos dos costumes de antigamente precisaram virar leis para poder prevalecer. Estacionamento privativo para idosos é lei e, mesmo assim, sempre surgem os engraçadinhos de plantão que desrespeitam os idosos e a própria lei. Nos atendimentos públicos para idosos é lei dar-se a preferência, caso contrário, os mesmos amargariam as intermináveis filas cansativas. Outrossim, de qualquer forma, tanto no atendimento quanto no tratamento, as duas manifestações sem sombra de dúvidas se transformaram em falta de respeito aos idosos, infelizmente. E, por conta de tudo isso, fico pensando que aqueles senhores também portadores de mais fios de cabelos brancos do que pretos, os tingem visando dois objetivos: primeiro se misturar com a turma mais nova, segundo reconquistar o respeito perdido. Quero crer que nas duas ocasiões, infrutíferas serão as tentativas, isto porque tanto uma com a outra, não lhes trarão a felicidade desejada. Serviram apenas para ludibriar a si mesmo. Resumindo, cabelos brancos só servem para ser ponto de referência e, identificar que a pessoa está realmente ficando velha, só isso e nada mais.