Estava eu e um amigo, numa destas gostosas manhãs de verão, sentados num daqueles “confortáveis” bancos dispostos ao longo das calçadas da Rua Amazonas. Bem ali no centro da cidade, mais precisamente defronte do Santander, jogando conversa fora. Falando de tudo que está acontecendo e, tentando ser “guru” para adivinhar o que poderia acontecer daqui para frente. E, durante este papo descontraído, muito gostoso por sinal, a gente não poderia deixar de falar sobre as atitudes das pessoas que, aliás, não nos cansam de surpreender. Haja vista, que por mais que nos esforcemos para entender, mais, ficamos boquiabertos por realmente não entender nada. Parece que a gente é movida por interesses, principalmente, na área de comportamento humano. Tanto é verdade que, às vezes, num estalar de dedos percebemos a metamorfose que acontece conosco ao perceber que o quadro que víamos não é verdadeiramente aquilo que nos poderia parecer. A fim de ilustrar melhor o enfoque que estamos querendo demonstrar, julgamos, por bem, apresentar um conto de autor desconhecido, o qual deve facilmente orientar os nossos entendimentos, como segue: “O governador, de um país distante e, sua comitiva estava num trem, quando notaram a presença, no mesmo vagão, um senhor malvestido sentado num dos bancos com os olhos fechados. Alguém resolveu afastá-lo dali, mas o governador impediu, pois, viu naquela criatura desprotegida, que poderia servir de diversão durante a viagem dele e de sua comitiva, proporcionando-lhes uma boa distração para passar o tempo. Provocaram o homem durante todo o trajeto, com gracejos e humilhações. Quando chegaram à estação, porém, viram que muita gente viera receber o estranho, que se tratava nada mais nada menos do que um dos maiores e mais conhecidos rabinos da América. Sendo que, certamente, muitos de seus seguidores tinham de certa forma, ajudado ao governador se eleger na recente eleição acontecida. Ao perceber a situação desfavorável em que se meteu, o governador querendo mudar a ótica do problema, chamou o rabino de um lado e, humildemente pediu perdão das brincadeiras e, também gostaria de pedir para vos abençoar. Todavia, o rabino que a pouco instantes atrás era uma pessoa qualquer a mercê de xingamentos e maus tratos, disse ao governador: eu posso abençoá-lo, mas não posso perdoá-lo. Uma vez que naquele trem, sem querer, eu estava representando todos os homens humildes deste mundo. Para receber o perdão, o senhor precisará percorrer a terra inteira e, se ajoelhar diante de cada um deles.” Diante desta passagem, não podemos negar que a aparência é um requisito importante de nossa apresentação visual, isto porque é agradável sobre quaisquer aspectos a gente se apresentar, condignamente, ao ambiente, principalmente naqueles que exigem certa etiqueta. Todavia, isto não quer dizer que também é certo aproveitar a deixa sobre a apresentação e exagerar no vestuário, pois, assim passaríamos para outra faceta que poderia ser chamada de esnobação. Por outro lado, também é certo que os prismas deste assunto são completamente variados, uma vez que quando vemos este quadro com visão extrema, teremos possibilidades enormes de cometer erros absurdos na avaliação. Quanto a isso, somente a título de melhor reforçar a tese, temos como parâmetro aqui mesmo na nossa terrinha que quando aqui aborda um rapaz elegantemente vestido, com carro, boa aparência, educado e, portador de outros adjetivos mais, condições estas que se tornou para o jovem peças fundamentais importantes para aproveitar o fascínio pessoal que possuía, perante as demais pessoas. Assim sendo, revestido de todos estes aparatos visuais, este elegante príncipe torna-se um troféu seriamente disputado por todas as donzelas do pedaço. Inclusive, as portas se abrem generosamente e as famílias o recebem com se fosse um velho conhecido, ou seja, um dos nossos. Enfim, ninguém se importa em saber quem é o distinto, de onde veio, o que faz, não há preocupação nenhuma sobre a origem. Portanto, somente os dotes aparentes que vimos acima, já bastam. Mas, de repente, após aproveitar a estadia graciosa e se deliciar de tudo que lhe foi oferecido, sumiu do mesmo jeito que chegou. Embora, fique a ilusão de que foi bom enquanto durou, isso é, apenas, dito a título de consolo, porém, não é sentimento reinante, pois, a barra fica dura de agüentar. Ou melhor, isto ocorreu porque o brilho do holofote é muito mais cativante do que a verdade real. Deste modo, só nos resta a crer que o ditado popular que diz “nem tudo que reluz é ouro e, nem tudo que balança cai”, vem de encontro a nossa fobia excessiva de que é preciso ser feliz, custe o que custar. Porém, um número considerável de pessoas não abre mão deste quesito, o foco maior é de fato a aparência, inclusive, a de si mesma. Portanto…