Aperreação

Vixe Maria, que título mais aperreado este que o nosso articulista escolheu para o artigo desta semana, podem, talvez, alguns de nossos queridos leitores (as), estarem se indagando. Mas, para alívio geral, devo esclarecer que escolhi este nome, uma vez que o mesmo é sinônimo da palavra “descontentamento”. Cujo assunto, apresentaremos a seguir, portanto, foi apenas com a intenção de melhorar o nosso vocabulário, o que não deixa de ser bom, para todos, eu acho. Enfim, colocado os pingos nos ii, podemos dar sequência ao que nos propõe este espaço toda semana, como segue: Considerando esta vivência obrigatória que nos impõe, atualmente, o Corona Vírus, nos proporciona tempo para papear com as pessoas e, numa destas oportunidades, nos encontramos com um amigo de longa data. Conversamos sobre vários assuntos, porém, nos fixamos mais em um que diz respeito a nosso descontentamento com tudo que temos ou não temos. E, por mais incrível que possa parecer sempre estamos reclamando de alguma coisa. É, certo e cristalino que reclamamos até da comida que comemos e, na nossa atitude injusta, deixamos de lembrar que por esse mundão de Deus existem muitos semelhantes que não têm o que comer e, a maioria deles precisam até mendigar. Reclamamos da nossa vida boa, enquanto neste exato momento existem milhares e milhares que se encontram internados nos leitos dos hospitais, demasiadamente, lotados. Reclamamos de nossas amizades, quando muitos vivem abandonados na mais completa solidão e, às vezes, na melhor das hipóteses, acomodados nos asilos. Reclamamos do Poder Público, sabendo que a situação não é boa, porque fugimos de nossas responsabilidades como cidadãos e, que em muitas das vezes, não fazemos a nossa parte, no que diz respeito, a nossa participação nas comunidades. Principalmente, por ocasião das eleições, onde deixamos passar em branco a oportunidade que temos de escolher os nossos representantes. Reclamamos dos estabelecimentos de ensino, ignorando que deixamos todo trabalho para eles, acomodando-nos e, transferindo com muita astúcia parte da responsabilidade que nos cabe e, nos furtando de colaborar. Reclamamos da sujeira, quando na verdade, furtivamente, jogamos lixo em qualquer lugar, nos bueiros, principalmente de dentro dos carros, ajudando celeremente, emporcalhar a cidade. Reclamamos das filas, ignorando que elas são a elite nacional, somos fissurados em fazer filas, tanto é verdade, que se a gente ficar parado numa calçada por algum tempo, logo pode-se verificar que já tem uns três ou quatro atrás de nós, fazendo fila, sem saber para que. Reclamamos das traquinagens de nossos filhos, ignorando que é uma graça divina tê-los assim. De repente, eu e meu amigo, observamos que a lista de nossos descontentamentos ou, melhor, de nosso aperreamento é muito grande e, ficaríamos horas e horas listando. Por isso, resolvemos virar o disco e, pensar que temos muito mais para agradecer do que para reclamar. Portanto, constatamos que, na maioria das vezes, Deus nos dá muito mais do que merecemos. Disso tudo, chegamos a considerar que somos ingratos com a vida que temos e, daí concluímos que passamos muito tempo cultivando a nossa subjetiva insatisfação e, deixamos passar de graça as delícias que a vida nos proporciona. E, com essa amnésia proposital que nos abraça no decorrer do tempo vamos, gradativamente, perdendo a deliciosa emoção de um abraço gostoso no cônjuge, namorada (o), em nossos pais, nossos avós, irmãos e amigos. Gente boa, olha a vida é curta, não vamos ficar para trás, portanto, vamos juntos dar um belo “pé na b…., ” da aperreação e, pronto.

                                             Arquimedes Neves – Nei

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