De repente vão passando os dias e, você vai coletando todas as informações que aparecem, umas boas, outras más e, outras repetitivas, por exemplo, as que falam sobre políticas, aliás, estas, por sinal, já se tornaram enjoativas. E, de repente também, é comum a gente ouvir alguém dizer assim: “já vi tudo nesse mundo, mas esta é a primeira vez que vejo ouvir falar disso”. E, foi o que aconteceu comigo nesta última semana que passou, estava dando uma passada de olhos na revista Veja e, me deparei com uma reportagem, que foi destaque da revista naquela edição. A mesma descrevia sobre um médico chamado Paulo Hoff, oncologista, anteriormente funcionário do Hospital Albert Einstein. E, agora empresta seus serviços a Rede D’Or, o maior conglomerado de hospitais privados do país. Embora, seja uma rede hospitalar de pequena expressividade na área de câncer, a contratação milionária do oncologista Paulo, faz parte do projeto estabelecido pelo grupo de avançar nesta área, com construção de hospitais e centros oncológicos específicos. E, esta transação toda, diz que envolveram cifras astronômicas, tipo salários mensais de R$-1.000.000,00, valores estes negados pelo médico e, por conseguinte não nos interessa e, nem é essa a nossa preocupação. O que vai nos interessar da história toda, foram duas perguntas agudas feitas pelo entrevistador, cujas respostas dadas, naturalmente são as coisas que estão matando mais depressa os doentes e familiares, do que a existência da própria doença. A primeira pergunta foi: “Por que a oncologia se tornou a área da medicina mais rentável para os hospitais e a mais cara para o doente? A resposta do Dr. Paulo Hoff, foi de que esta doença obriga o paciente ficar hóspede e depende de hospital por muito tempo, chegando à maioria dos casos em até cinco anos de dependência hospitalar. Em sendo assim o paciente com câncer promove um retorno financeiro muito rentável para os hospitais. Uma vez que a submissão do paciente ao tratamento compõe-se de terapias com medicamentos, exames de imagem, laboratoriais, reabilitação, etc. Por outro lado, a inflação oncológica é elevadíssima e, é a maior em toda a medicina, e, é aí justamente que está o nó da questão. Uma vez que esse índice inflacionário não está diretamente ligado a modernização e nem ao tempo de tratamento. Muito pelo contrário, pois, tal índice inflacionário está dependente, mais especificamente, a uma questão muito particular, o que não deixa de ser uma coisa muito estranha. Isto porque, atualmente, mais de 50% dos produtos oncológicos do mundo todo são consumidos pelos Estados Unidos, sendo que mais ou menos a metade desses produtos é consumida pela Medicare, Seguro de Saúde, gerido pelo governo americano para atender pessoas idosas. Todavia, diante deste quadro é evidente que quando é lançado um produto novo no mercado, os Estados Unidos abocanha sem cerimônias a metade e, a outra metade fica para atender o resto do mundo, inclusive o Brasil. E, para piorar a situação, no final do século XX, através do Congresso Nacional Americano, temendo eles de que a Medicare pudesse ditar preços no mercado internacional, aprovou um artigo que proíbe o sistema de pedir descontos. Imagine só, se os EE.UU é o maior comprador individual e não pode pedir descontos, já imaginaram nós, brasileiros, podres coitados como ficamos nesta história de gigantes. É lógico que estaremos sempre submissos com o que vem e, temos que engolir qualquer preço. Provocando, assim, como sempre lamúrias, decepções, perda de milhares de seres queridos, por falta de medicação adequada e, quando tem estará sempre distante do alcance dos doentes menos favorecidos pela sorte. Uma vez que tal doença não escolhe em que vai lhe alojar, todavia, não precisa ser matemático para saber que os de classes menos rentáveis, terão um número maior de atingidos. Isto porque, na pirâmide das classes sociais, aparece em sua base, onde o espaço é maior, a população da classe C. Gente, esta história dos medicamentos oncológicos narrado por uma personalidade de destaque na área, nos deixa a todos muito assustados, uma vez que, infelizmente, é literalmente impossível lutar contra tais forças econômicas financeiras, não há como. E, o pior de tudo e, é o que nos parece que nos bastidores das canalhices de tais forças, trabalham ferozmente para o aumento dos portadores de tais moléstias, Com a clara idéia bestial de aumentar, gananciosamente, os seus lucros inimagináveis. Queridos leitores, podemos, aproveitando este exemplo, acreditar piamente de que todas as nossas mazelas advindas da vontade do homem, ou seja, recursos públicos desviados, escolas abandonadas, segurança debilitada, moradias escasseadas, indústria farmacêutica deitando e rolando, saúde púbica eternamente doente, são frutos provocados por esses marginais inescrupulosos (políticos e outros semelhantes) que habitam entre nós, embora sejam nossos irmãos. Só nos resta pedir ao Senhor Deus, piedade e, que nos cubra de graças para suportar tal ingratidão e abandono. Amém.