Agora não, estou ocupado demais.

A gente, não tem nem ideia, de quantas e quantas vezes no dia expressamos a frase mais famosa do momento, que é “agora não, estou ocupado demais”. E, para variar, tal expressão não é privilégio somente do mais ocupado, ela extravasa também o seu uso para aqueles que nada tem a fazer. Isto posto, fica caracterizado que tal expressão domina o cotidiano de todos nós, sempre dizemos estar ocupados e, na verdade usamos este subterfúgio para não assumir compromissos. Ou, mesmo deixar de atender algum pedido que, antecipadamente, imaginamos poder nos aborrecer. Todavia, em determinadas ocasiões, após usar desta desculpa esfarrapada, vamos nos arrepender, amargamente, por não ter estado em determinado lugar, alegando a falta de tempo. Quem de nós se fizer um exame de consciência, não vai encontrar em algum momento negro da vida, a consciência nos cobrando sobre uma ausência imperdoável, devido à falta de tempo. Aproveito a brecha para acrescentar um conto muito real, onde um menino de aproximadamente dez anos, juntou durante a sua pouca existência, mais ou menos uns três porquinhos de louça, os quais serviam de cofrinho de moedas. Quando, achou que tivesse dinheiro suficiente ao seu propósito, o filho aproveitou uma noite em que o pai estava disponível em casa, coisa rara na verdade. E, inocentemente, fez o seguinte questionamento: “Pai, quanto é que o senhor ganha por hora naquele seu emprego que lhe ocupa tanto, inclusive, trazendo serviço para fazer em casa. Pois, todas, as vezes, que quero conversar, o senhor alega que “agora não, estou ocupado”. O pai perplexo, sem saber o que dizer, apenas respondeu:  filho, não sei o que te responder. Aí, o filho mostrou os três porquinhos cheios de moedas e, disse: “Pode quebrar pai e ficar com as moedas, pode ser que dê para mim comprar um tempinho seu e, assim, conversarmos pelo menos um pouquinho.” Nisso, o pai, sentiu deslizar pela sua face, duas lágrimas incontidas, pois, desapercebidamente, estava perdendo o seu filho e tudo o mais, a troco do que? Na verdade, no afogadilho da correria diária, nos envolvemos com mil coisas que, acabamos, nos isolando dos nossos entes queridos e dos possíveis amigos. E, invariavelmente, lá na frente, só vai nos restar sofrimento e, arrependimento, a vida passou e a gente não aproveitou. Uma vez que quando vivemos o “não tenho tempo”, certamente, se morre por dentro porque geralmente se esquece de tudo, inclusive das pessoas que nos são caras. Isto porque você acaba por circunstâncias normais das atividades, não tendo tempo de visitar um amigo doente, às vezes, nem pelo menos dar-lhe um alô, via celular. Você se esquece do filho que de repente cresce e, você nem se apercebe, porque nunca teve tempo, daí, começa a conviver com um estranho. Sendo que o pior de tudo isso é que você acaba não tendo tempo nem para conversar com Deus. Vai, com certeza absoluta chegar o momento da solidão, da tristeza e, o arrependimento, sendo que esta somatória de sentimentos estranhos, pode proporcionar uma dor infinita e, bastante amarga. Hei pessoal, ainda dá tempo de levar a vida, ao invés, de deixar a vida te levar”. Corte da vida a expressão, “não tenho tempo e, coloque no lugar: “hei cara, vem aqui, vamos conversar”.

                                                       Arquimedes Neves – Nei

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