A voz da consciência

Estava pensando que numa noite destas passadas, lembrei de um filme, daqueles bons de antigamente. A história era sobre os bastidores da política americana e, justamente, no dia do lançamento do filme, a imprensa soltou uma notícia bombástica, onde contava que um dos maiores terrorista da nação americana, fulano de tal, cujo qual, na sua infância foi colega íntimo do presidente. A imprensa, não poupou o presidente, e narrou que seu ex-colega, havia no decorrer da vida até a data, se tornado num marginal perigoso.  E, fazia parte de uma quadrilha de possíveis terroristas. Diante desta situação, no mínimo constrangedora, os auxiliares do presidente, sob o seu comando, convocaram, emergencialmente, uma reunião para discutir e resolver o problema. E, pudesse colocar o mandatário americano em “maus lençóis”, o que não era conveniente para todos, convenhamos. Durante a reunião, todos participavam, inclusive o presidente, procurando achar uma saída para ser discutida com os jornalistas, sobre a amizade antiga do presidente com aquele colega marginal. As sugestões e opiniões, foram as mais diversas possíveis para sair daquele emaranhado que, poderia trazer consequências gravíssimas para o comando americano. De todas propostas encontradas, a que mais foi defendida seria, de que o presidente quando abordado sobre o assunto, falasse pouco e negasse sobre uma grande amizade no passado, dizendo apenas que o conhecia, mas, não era amigo particular do rapaz e, procurasse mudar logo de assunto, sem dar muita importância. Quase no fim da reunião, o presidente satisfeito com os resultados, mandou que os assessores mais diretos, fizessem a pauta para apresentá-la à imprensa por ocasião da entrevista e, também ao povo. Todavia, antes do término da reunião, o presidente, observou que um de seus assessores, não havia se manifestado, ficara quieto e, não dissera nada. Inclusive, sobre o resultado final, onde o presidente havia concordado em contar uma pequena mentira de que não tinha nenhuma amizade com o referido malfeitor, quando colega de escola. Então, o presidente perguntou ao assessor que não se manifestou, e, você achou que ficou legal, a decisão de não falar nada a imprensa, o que você acha? O assessor então falou: Presidente, eu acho que esta mentira vai apenas camuflar, superficialmente, uma situação a qual Vossa Excelência não conseguirá manter por muito tempo. E, quando for abordado novamente terá que se desvencilhar mais uma vez e terá que continuar contanto outras mentiras que, possivelmente, não terá fim. Então, o que você sugere que eu fale, indagou o presidente. O assessor falou: quando o senhor for interpelado sobre o assunto deve dizer a verdade, ou seja, “realmente, nós fomos na juventude e, por sinal tínhamos uma boa amizade e, naquele tempo ele era uma boa pessoa e um grande colega. Portanto, eu sinto muito que ele tenha se enveredado para o mal caminho e, espero sinceramente que ele seja feliz e encontre a paz”. Diante desta colocação a sala ficou por uns instantes num silêncio total, quebrado pelo presidente que agradeceu a todos pela reunião, mas não disse qual posição tomaria. E, na sua primeira aparição pública, a voz da consciência fez com que o presidente ao ser indagado sobre sua amizade com o colega marginal, dissesse justamente aquilo que o seu assessor recomendara, ou seja, falou que ele era na época o seu melhor amigo. A resposta deixou a todos os jornalistas sem ação e, o assunto foi dado por encerrado sem maiores comentários. Na verdade, o que afinal podemos tirar como aprendizado desta estória? É, que não podemos nos esquecer que a trajetória de nossa existência sempre fomos ladeadas por pessoas, que de uma maneira ou, de outra, nos fizeram bem e, nos ajudaram a crescer. Infelizmente, muitos ignoram, principalmente, daqueles que não tiveram sorte ou oportunidades. Por fim, é bom e, faz bem que continuemos alimentando o nosso caráter, no intuito de que ele continue sendo bom. Para tanto, basta somente ficar atento a voz da consciência e, pronto.

 

Arquimedes Neves – Nei
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