Antigamente, num passado não muito distante, quando as cidades não eram grandes concentrações de pessoas e, havia ainda muita gente vivendo na zona rural, os costumes eram simples e bem modestos, para alegria de todos nós. O êxodo rural e a invasão tecnológica adormeciam em esferas distantes, por isso nos utilizávamos ainda dos recursos naturais disponíveis, assim é que o nosso despertador era o canto do galo, por sinal muito afinado. De repente, como num passe de mágica, o tempo num sopro natural da vida, escondeu todas essas maravilhas e, em troca nos deu os recursos da tecnologia artificial, luz elétrica, fogão a gás, geladeira, micro ondas, telefone, veículos motorizados, televisão, computadores etc. Todas essas facilidades vieram para ficar e, aos poucos fomos substituindo o nosso fogão de lenha, as lamparinas, os papos informais, as charretes e carroças, as máquinas de escrever, os cantos sonoros dos galos pelos despertadores ruidosos e incômodos, enfim a vida é assim mesmo. Porém, de tudo isso existe o lado bom, ganhamos as facilidades e os comodismos, em troca dos acalentos e da simplicidade, não dá para definir se foi bom ou ruim, embora em todas as coisas existam os dois lados da moeda, depende de cada um de nós como aproveita-las. Todavia, é certo que perdemos muitas coisas boas e saudáveis, isto porque essas novas mudanças atropelaram nossos costumes e atitudes, e muitas das vezes temos dificuldades de adaptação, sentimos que em várias ocasiões às rédeas da situação estão escapando pelo vão de nossos dedos, sem que tenhamos forças para detê-las, sentimos-nos impotentes. Inobstante, o quadro que temos hoje nos vários segmentos da sociedade, ou seja, a família não anda bem das pernas, a educação escolar está cambaleando, a saúde está completamente debilitada, a segurança foi substituída pela insegurança, o poder na maioria das vezes assumiu atitudes déspotas, tanto no legislativo, executivo e judiciário, nos sentimos órfãos de lideranças, a nau está a deriva. O que será que aconteceu? Não conseguimos conviver com a tecnologia disponível ou nossas raízes estão presas ao passado romântico e sedutor que não volta mais. Se isto for, precisamos dar volta por cima e dominar a fera, pois se trata de uma questão única e exclusiva de sobrevivência, a nostalgia só nos presta para doces recordações e devaneios, nada mais.