Saudades

De repente em todo o ser vivente, toca fundo o coração e, surge do nada uma saudade imensa de tudo, principalmente de momentos e de pessoas. Sem querer a gente viaja na maionese e vai longe buscar relíquias já desaparecidas e, se alimenta calmamente de delícias vividas e sentidas. Há tempos um amigo meu e de vários, me presenteou com quatro listas contendo nomes e, ao vê-las senti uma emoção tão grande que parecia que o meu coração ia explodir fora do peito tal a alegria e saudades de que fui tomado. Aquelas páginas, nada mais eram do que as listas de chamadas do curso primário que fizemos no período de 1.951 a 1.954 e, lá estavam nomes de colegas, os quais, alguns ainda estão por aí, outros desapareceram e outros tantos já morreram. Interessante que nós somos portadores de sentimentos emotivos, os quais normalmente nos dominam a ponto de ficarmos estáticos e pensando como tudo passou e aconteceu. Nestas listas, ao vê-las foi como se tivesse passando um filme e os protagonistas fôssemos nós mesmos, com toda doçura e inocência própria de quem tem de sete a dez anos de idade. E, lá estavam alguns de que me lembro bem, embora muitos já tenham falecidos e, saudosamente estão guardados com todo o respeito dentro de meu coração. Por outro lado, a vida nos oferece episódios variados, haja vista que os momentos vividos durante certa época montam certamente na cabeça de cada um de nós planos os mais mirabolantes possíveis. Todavia, durante a caminhada vamos nos desfazendo de alguns e ao mesmo tempo construindo outros e, são nestes vai e vens desses capítulos extraordinários da convivência humana que acontecem os espetáculos das mudanças de cenas. Para mim, foi uma sensação extremamente estranha à exibição diante de meus olhos daquelas listas onde perfilavam nomes outrora reais e, agora depois de décadas de distância muitos se tornaram figuras fictícias. No entanto, embora a memória falseie em lembranças totalmente apagadas, consigo ainda ter o prazer de conviver com alguns que permanecem felizmente aqui comigo. De vez em quando com alguns e, de vez em sempre com outros, dou de cara com Armando Milanês, Daniel Maior, José Roberto de Oliveira, Nelson Laridondo, Antonio Donaire, Antonio Resende de Lourenço, Aristeu Marin Moleis, Valdecir Antonio Bortolote, Gabriel Jabur Junior, Luiz Viveiros, Valdecir Bandeira, Arnaldo Xavier da Silva, João Arnaldo A. Avelhaneda, Valter Marcílio, José Carreteiro Júnior, Waldomiro Coienca, Cionéia de Azevedo, Dalva Menezes de Lima, Darci De Haro, Dionéia Therezinha Seixas, Elza Ferreira Vitor, Maria Elisa Sanches, Nair Pelicer, Neide Felicidade Ferreira. Por outro lado, invariavelmente a tristeza também toma conta de mim, pois, não poderia olvidar aqueles outros que me lembro e, depois tive notícias que haviam falecidos, como uma singela homenagem quero saúdá-los nestas lembranças citando os seus nomes, como segue: Aluízio Arnaldo Leva, Celso Silvestre da Silva, Geraldo Gonçalves Ferreira, Walter Sanches, Luiz Arthur Vieira de Oliveira e Souza, Nelson Antonio Faria Basílio, quantas saudades. Embora seja um relicário particular de recordações, me veio a vontade de expor tais sentimentos. Uma vez que, certamente, cada um de nós indistintamente tem o seu bauzinho cheinho de coisas antigas, em especial cartas ou fotografias, que quando vistas aceleram o coração, provocando saudades gostosas e lembranças inesquecíveis. Tudo isso pode ser um bálsamo necessário ao combustível da vida, alimento condicionante das alegrias e felicidades, embora alguns tenham o efeito um tanto quanto nostálgico, todavia, a saudades também faz parte do cotidiano. Foi essa a nossa intenção.