Sabichões

Numa observação rápida e, nem precisa ser especialista, há possibilidade de se verificar que em qualquer grupinho reunido para conversar ou, mesmo jogar conversar fora, no meio, é quase certo que lá estará algum sabichão que, geralmente, quer ser o bom da paróquia, ou seja, sabe mais que todos. E, de quando em vez somos premiados ao ver um grupinho homogêneo, onde todos se julgam os sabichões, nestas oportunidades a luta é ferrenha. Normalmente, quando isso ocorre, sempre depois destas reuniões informais, se formos fazer um relatório do bate papo, por certo, encontraríamos obras primas que fariam os Einstein, os Machados de Assis, os Rui Barbosa e, vários outros gênios, se contorcerem em seus respectivos túmulos ao verem e ouvirem os maiores besteirol que se possa colecionar numa rodinha desta. Na verdade, nestes encontros, não há agenda de assuntos, pois os caras são tão atrevidos que falam de todo e qualquer assunto, ou seja, política, religião, futebol, saúde pública e, tudo aquilo que se possa imaginar. Já pensaram com os assuntos mirabolantes e tristes que estamos ouvindo e vivendo devido a situação conturbada em que se encontra a nação. E, para sorte dos sabichões, os mesmos estão se deliciando com esse verdadeiro prato cheio de assuntos os mais variados possíveis. Ao mesmo tempo com relação a estes “gênios”, podemos sentir horrível contradição, pois, se os sabichões fossem realmente os tais, o povo brasileiro não estaria vivendo hoje esta situação tão delicada de crise econômica que reina aqui no solo tupiniquim. Por outro lado, considerando os outros sabichões que povoam o lado político, podemos ressaltar que esses realmente estão fazendo o seu papel com muita maestria e habilidade. Pois o nosso suado dinheirinho está indo para os bolsos deles e, aqui estamos apenas assistindo essa bandalheira toda, impotentes e aguardando um milagre do alto para acabar com a farra dos ditos cujos sabichões. Aliás, o único remédio nestes casos críticos, somos nós mesmos que devemos ministrar, através, de um voto consciente. Com pesar afirmamos que isto é algo que só Deus sabe quando é que vamos tomar atitudes cívicas de verdade para salvar o Brasil e, conseqüentemente, nós mesmos.   Digo isso porque há pelos uns vinte e sete anos atrás, assistimos no recinto da Câmara Municipal local, a uma palestra do pessoal da saúde nos alertando sobre o mosquito da dengue e, veja hoje como estamos! E, olha que já naquela época tínhamos também os sabichões da paróquia que sabiam, certamente, como combater os bichinhos, imaginem se eles não soubessem. Considerando estas colocações, podemos recapitular a história desde os tempos primórdios e, lá vamos confirmar que recebemos como herança, quase que maldita, a arrogância e, por que não dizer, o orgulho de se portar como mais sabido que os outros. E, para tanto basta citar o papelão que a dona Eva aprontou lá no paraíso, quando “sabidamente”, convenceu ao companheiro Adão a comer com ela da fruta proibida, pois, em assim fazendo conseguiriam ser muito mais sabidos do que o Criador. E, devido a este desvio de personalidade do primeiro casal terráqueo, tivemos como herança essa babaquice que carregamos e vamos carregar até o final a de ser sabido e, ao mesmo tempo não ter consciência que realmente não sabemos nada. Nos falta, portanto, humildade suficiente para alcançar tal grau de discernimento. Pois, enquanto estivermos enraizados nas coisas terrenas, jamais teremos olhos para ver no horizonte, às vezes, não muito distante, a figura inocente do irmão. Em sendo assim, vamos continuar teimando em nos achar sempre superiores, pois, na verdade, o orgulho e a arrogância não nos deixam tirar a máscara de sabichões.