Morrendo e aprendendo

Segundo a história da humanidade, o Rei Salomão, filho do Rei Davi, ao assumir o trono dos israelitas, recebeu do supremo Deus a graça de ser o homem mais inteligente do mundo. Isto porque, quando solicitado sobre o que queria ser para governar, pediu ao Senhor a sabedoria. Daí por diante Salomão reinou sobre os auspícios divinos e, conseqüentemente governou para deixar o seu nome na história do mundo tal foi o seu desempenho nas decisões mais críticas, sobre as quais, dava o melhor veredicto possível e inimaginável. E, como acontece com todo o ser vivente, com ele não foi diferente, pois, chegou finalmente o dia de sua morte. Agonizante no leito, os cortesãos dentro dos aposentos reais, rezavam e assistiam o final do famoso rei. De repente, como do nada, o monarca ainda com vida pediu aos que o cercava uma brasa viva tirada da lareira acesa que crepitava dentro do apartamento. Foi uma correria geral para atender aquele último pedido, estranho por sinal, porém, pedido de rei não tem questionamento, somente atendimento. Uns tentavam pegar a brasa auxiliado por pequenos gravetos, mas, tudo o que tentavam não dava certo, os cientistas e mestres da corte ficaram apavorados por não conseguirem atender o último pedido real. De repente novamente, com a mesma intempestividade tida pelo rei ao fazer aquele pedido sem nenhum nexo, um menino, filho de escravos, se aproximou do rei e disse: majestade posso atender o vosso pedido? Dominou no recinto um silêncio assustador e, o rei olhando aquela humilde criatura que ousava desafiar os seus mestres e doutores, falou: vá criança, me satisfaça. O menino mais que depressa correu para a lareira, agachou-se perto dela, pegou um pauzinho de lenha e começou a colocar cinzas frias em cima de uma de suas mãos e, em seguida colocou em cima das cinzas uma enorme brasa viva e a levou ao rei moribundo. Todos ficaram de boca aberta diante daquela cena, inclusive os sabichões da corte. E, o rei num último suspiro antes de falecer disse alto e a bom som para todos ouvirem, “morrendo e aprendendo”. Queridos leitores, essa história realmente dá uma dimensão específica de nossa pequenez diante dos acontecimentos, embora, teimosamente, na maioria das vezes, ajamos ao contrário. Somos arrogantes a ponto de se fazer ser aquilo que na verdade não somos. Aliás, faz parte de nossa cultura querer sempre sentar-se no primeiro banco, sem ao menos nos preocuparmos em saber se o lugar já está reservado para outras pessoas, notadamente, muito mais importante do que nós. É como se diz na gíria popular, “volta meia estamos caindo do cavalo”, isto porque temos como princípio e estilo de vida camuflar a nossa humildade. Na verdade, seria muito mais fácil e conveniente que se nos apresentássemos sempre como figuras humildes. Uma vez que, caso tivéssemos algum destaque, o mesmo seria descoberto e alardeado pelos outros, sem necessidade de nossa exposição gratuita e inoportuna. Divagando no conto acima sobre o Rei Salomão, é fato que ninguém no mundo todo sabe tudo e, em vista disso é bem melhor a gente se policiar antes de virar uma mala sem alça. Se cuide.