Na contra mão da história

Interessante que sempre e, provavelmente nunca saberemos quando vamos parar de falar sobre os mesmos assuntos. Facilitou, estamos falando de saúde, habitação, segurança, educação, impostos mal aplicados e, o muro de lamentações é tão extenso quanto aquele real existente em Pequim. Conscientemente, sabemos que jamais conseguiremos resolver tais demandas a ponto de levá-las a números insignificantes. Todavia, o que nos preocupa é que vem ano e passa ano, os índices de carências crescem assustadoramente e, o que nos preocupa ainda mais é a total falta de preocupação do setor público para melhorar citadas condições. Tendo em vista o aumento vertiginoso das mazelas populares, vamos ater a nossa descrição no setor da educação, considerando as duas, ou seja, a pedagógica e procedimental. Na pedagógica, ou seja, na escolar, houve a nosso ver um retrocesso muito grande, tanto é verdade que as mudanças que foram feitas no decorrer desses anos todos não obtiveram os resultados esperados. Pelo contrário, houve um esfacelamento na estrutura básica que sustentava o sistema, as mudanças enfraqueceram a espinha dorsal do ensino em todos os aspectos. Diante disso, possibilitou o surgimento de milhares e milhares de escolas particulares, que ofereciam boas condições de estrutura e de ensino. Por outro lado, essas novas instituições ofereciam melhores remunerações aos professores, dando-lhes condições de ter um corpo docente de primeira linha. E, a emigração foi inevitável, para àqueles que tinham um melhor poder aquisitivo, o que de certa forma, provocou uma pré-seleção nos candidatos a um futuro melhor, considerando que seriam muito bem mais preparados. Nada contra as instituições particulares de ensino, aliás, tudo de bom que vem para somar é sempre bem vindo. A nossa decepção reside justamente na debilidade do ensino público, onde a população de participantes é o grosso do contexto geral, a qual mediante essa diferença de preparação fica totalmente marginalizada por ocasião da prestação de vestibulares para formação superior. Além, dessa nítida vantagem, os candidatos das instituições de ensino particular, quando disputam vagas nos vestibulares, na maioria das vezes o fazem em faculdades e universidades públicas, ou seja, naquelas mantidas pelos governos. Na verdade, obedecendo à lei da lógica o filé mignon do ensino estará sempre disponível para àqueles mais preparados, os quais, com certeza, não são àqueles que freqüentaram as escolas públicas de base. Só para entender a falência do ensino, podemos comparar com os freqüentes equívocos e fraudes ocorridas por ocasião das realizações dos ENEM. E, por falar nisso o exame previsto para maio/2.012 está prestes a ser cancelado em vistas das liminares para acertos de exames passados. Por certo, as nossas esperanças num futuro melhor para os nossos jovens se vêem sucumbidas nos desastres de percurso provocados pelas áreas afins. Não há, portanto, nenhum indício de mudanças substanciais nos destinos da educação do país. Quanto à educação estrutural, ou seja, aquela depositada no comportamento humano é visível que ela vai de mal a pior. Podemos ver as atitudes de nossos pares, principalmente os mais jovens, a total fatal de respeito com relação a qualquer pessoa, principalmente aos mais velhos. Sintomaticamente, podemos atribuir tal comportamento como reflexo natural da ausência de autoridade, normalmente devido à super proteção dada na criação dos filhos. Só como exemplo, dia destes numa rodinha, a discussão era justamente sobre a educação de filhos, quando um dos participantes, disse a todos claramente, que tinha filho em escola particular e que pagava bem para que cuidasse e ensinasse seu filho de acordo. Porém, se ficasse sabendo que alguma professora aborrecia o seu filho, com certeza, mataria a dita cuja.  È, óbvio que a colocação matar era uma força de expressão, mas, não deixa a menor dúvida de que a força dada pelo pai para o pequeno jovenzinho fadava-lhe a grande perspectiva de virar no futuro um pequeno monstrinho. E, é assim infelizmente que as novas gerações estão chegando, absolutas e donas do próprio nariz, sem se importar se vai ou não ofender as pessoas. O quadro é negro, no entanto, é com dizem os sábios e outros entendidos, “é preciso, às vezes chegar-se ao fundo do poço, para a redenção dos pecados”. A nossa torcida é que o poço de cada um não seja fundo de mais. Pois, faz muito tempo que estamos caminhando na contra mão da história. Basta ver os tropeços acontecidos.