Não deveria ser assim, mas…

Dia destes numa rodinha de amigos, o assunto era o mais diversificado possível, porém, nos ativemos mais naqueles que diz respeito à incompetência estatal. Um de nós sugeriu que cada um escolhesse um assunto para início de conversa. Um escolheu Saúde Pública, outro Segurança Pública, outro Educação, outro Saneamento Básico e, ficamos por aí, pois seria assunto para vários e vários encontros. Interessante que antes do proseamento, constatamos que todos eles têm um ponto em comum, ou seja, deixam a desejar com relação aos objetivos propostos. Com referência a Saúde, lamentavelmente estamos cansados de falar, protestar, aliás, não precisa dizer nada, uma vez que todos os brasileiros indistintamente estão cientes da situação calamitosa do setor. E, o que mais nos entristece é que quando um hospital recebe alguma verba governamental fazemos a maior festa com honrarias de infinito agradecimento, principalmente ao deputado que encaminhou a emenda. É como se fosse um favor que nos fazem, numa total inversão de valores, passamos da situação de direito para situação de pedinte. Quanto a Segurança Pública, não se sabe se foi o número de marginais que cresceu ou, se foi o número de agentes policiais que estagnou ou diminuiu. Mas, de uma coisa se tem certeza, nos últimos dez ou vinte anos, a indústria de equipamentos de segurança domiciliar e industrial, cresceu vertiginosamente, sem limite de porcentagem. Inclusive existem muitas casas que mais parecem um “Forte Apache” do que uma residência, tal o excesso de proteção eletrônica existentes, fora os cachorros. Alguma coisa está errada ou não? Quanto ao Saneamento Básico, estatisticamente falando existem no país ainda 64% de municípios que não possuem ou possuem apenas pequenos trechos do citado benefício. Em assim procedendo, a Administração Pública correspondente, deixa exposto a céu aberto uma grande fonte de produção de várias doenças. Conseqüentemente, isto reflete no atendimento da saúde pública, o que de certa forma onera o sistema, que por sinal já está falido. Sobre a Educação, continua ainda na berlinda, todavia, um fato inusitado aconteceu esta semana que passou lá no distante Rio Grande do Norte. A professora Amanda Rangel, numa audiência pública daquele estado sobre a Educação, denunciou sem medo e com muito respeito às autoridades sobre as condições precárias dos professores e, consequentemente do ensino público em nível de Brasil como um todo. E, para não ficar citando todas as colocações da corajosa mestra, lembramos apenas de duas delas que marcaram profundamente o seu lamento com relação ao desprezo das autoridades: primeira, “as acomodações físicas são precaríssimas”, segunda, “um salário de um deputado dá hoje para pagar trinta professores”. Sem comentários. Pesarosamente, sem querer fazer comparações para esta falta de recursos e abandono aos serviços essenciais, estamos prestes a desembolsar uma fábula em dinheiro público para atender as exigências da FIFA, a fim realizar a Copa do Mundo de 2.014. Não somos contra a este Mega Evento, no entanto, nos parece que seria mais humano, mais coerente e, por que não dizer mais útil atender também, pelo menos em caráter mínimo, as necessidades prementes do povo. Quanto à construção dos estádios e as demais obras de infra-estrutura, segundo reportagem da última semana da revista Veja, pelo cronograma atual já realizado, elas só ficarão prontas para a Copa de 2.038. A propósito, ouvi um comentário num jornal esportivo de que essa marcha lenta das obras é proposital. Pois, quando faltar pouco tempo para a competição, como sempre acontece, os cofres públicos serão abertos sem nenhum controle, obviamente sem licitações, para poder cumprir os compromissos. Daí, uma obra que agora custaria, por exemplo, X milhões, obviamente custará dez vezes mais e, assim sucessivamente. Com certeza, será a maior farra com o dinheiro público e, como não poderia deixar de ser surgirão misteriosamente os espertinhos de plantão que deverão também abocanhar parcelas significativas do suado dinheirinho do povo. Não deveria ser assim, mas…