Já estamos morrendo de saudades

Interessante como os sentimentos movem o nosso consciente e inconsciente, pois, estamos há alguns dias sem a presença marcante e alegre do querido padre Edemur e, já estamos morrendo de saudades. Algumas pessoas têm o dom divino de produzir essa manifestação espontânea nas demais, este é o caso do querido sacerdote. Impressionante foi o que todos nós vimos durante o velório do saudoso padre, gente de todos os níveis e credos, principalmente os mais humildes, em fila, silenciosamente rezando pelo Edemur. Devo me atrever um pouco, mas, o padre Edemur não precisa de muitas orações, uma vez que ele é um filho legítimo de Deus e, com certeza, já deve estar ao seu lado lá no céu. Suposições a parte, queremos crer que agora temos mais um aliado que pode zelar espiritualmente pela nossa querida cidade, protegendo-nos com sua humildade, doçura e fidelidade as coisas do alto. Por outro lado, esse apêgo entre as pessoas, dificulta sobre maneira o desenlace, todavia, a morte é inevitável, mas, infelizmente não estamos preparados para ela, falta-nos fé para tanto. Isto porque a nossa ignorância sobre o outro lado da vida nos deixa um tanto quanto temerosos sobre esse mistério. Todavia, para o padre Edemur segundo testemunhos dos mais íntimos e, que acompanharam o seu calvário durante a sua internação, nos momentos mais lúcidos do padre ele confessava que estava pronto e que não tinha medo da morte. No entanto, para se alcançar este estágio da permuta da vida pela morte é preciso que a alma esteja leve e o coração transbordando de muita fé no Criador. O padre era, com certeza, um dos qualificados por Jesus com a luz do Espírito Santo e, visivelmente foi percebido por todos nós, haja vista que os seus restos mortais traziam no semblante uma luz muito forte daqueles que já estavam no céu. Infelizmente, o nosso enraizamento com as coisas materiais nos inibe de praticar a fé em todo o seu esplendor, tornando-nos mesquinhos, cegos e descrentes das promessas do Senhor. Tanto é verdade, que me lembro numa determinada missa, o padre perguntou: “quem quer ir para o céu e, todos sem pestanejar levantaram a mãos, concordando. Aí o padre falou, tem que ser agora. Incontinente, numa rapidez jamais vista, abaixaram a mãos”. Aliás, nós somos assim mesmo, acreditamos com muitas dúvidas, pois, as promessas para nós só ficam nas orações, não queremos nenhum tipo de comprometimento, principalmente daqueles que afetam a nossa vida. No entanto, independente de atitudes contrárias, somos protegidos por Deus, pois, através do passamento do padre Edemur, tivemos e estamos tendo a oportunidade de fazer uma avaliação profunda da nossa caminhada. E, a indagação maior que nos fica é ter presenciado a comoção que tomou conta de toda cidade, durante a vigília do corpo do padre, aonde, indistintamente, pessoas de todos os níveis vieram prestar as últimas homenagens ao querido sacerdote.  Foi por curiosidade, não, não foi, porque curioso não chora e não fica triste, apenas observa e, certamente todos que foram vê-lo é porque tinham um grande amor por padre Edemur. Numa apoteose final, muitos viram na saída do féretro uma pombinha serenamente pousou na alça do caminhão do Corpo de Bombeiros perto do caixão, é como se ela estivesse dando sinais e, nos dizendo “aqui vai indo um homem santo de Deus’, depois voou. Quem viu chorou e se emocionou, foi muito bonito. Padre Edemur, independentemente de tudo isso, queremos te confessar uma coisa: “já estamos morrendo de saudades de você”, beijos.